sábado, 22 de dezembro de 2012

Canaima

E acordamos eu, Margarita e Anita na casa de nosso anfitriao José. Eu dormi em minha rede de naylon e eles ficaram achando super diferente. Pois eu disse para irem se acostumando, já que no tour iríamos dormir em redes. Fomos ao aeroporto e às 8h15 o voo decolou. Um teco-teco de apenas 6 lugares, sendo 1 do piloto! Confesso que na hora me deu um medinho, mas a decolagem é tao rápida e suave que logo adormeci. Chegamos por volta das 9h40 em Canaima. Assim que se desce do aviao, paga-se a entrada para o Parque Nacional de Canaima, 150 Bs. Logo de cara descubro que nossa guia para os 3 dias é uma russa! Ela falava um espanhol razoável e inglês também. Esperamos um pouco e logo chegaram mais 2 argentinos. E mais 1 alemao. Nosso grupo estava formado: eu (brasileiro), as 2 alemas, os argentinos Franco e Marco, o alemao Florian.

Logo nos juntamos a um grupo maior, de venezuelanos, que haviam comprado um pacote turístico de 4 dias. Eram um grupo de 27 pessoas, de várias cidades da Venezuela. A primeira atividade foi pegar uma canoa (uns 12m e motor 48HP) rio acima. Primeira parada, uma caminhada de 30 minutos por um trecho de planícies, onde já se pode avistar o Auyantepui. Em seguida, canoa novamente e se chega no lago da felicidade. É uma pequena cachoeira onde se pode tomar banho. Ali comemos almoço, preparado e servido com uma marmita. Entao, mais uma canoa rio acima, observando o Auyantepui, que simplesmente é uma das paisagens mais lindas que já vi em toda minha vida. É como se fosse um chapadao de onde saem várias cachoeiras. A vista é simplesmente impressionante. Super lindo. Todos ficamos embasbacados. Enquanto isso, a canoa subindo pelo rio de águas escuras, quase pretas mas cor de ferro. Por muitas pedras. Uns momentos era uma verdadeira aventura. Até que finalmente se chega no ponto onde é o Salto Angel, onde estao os acampamentos da várias empresas que fazem esse tour. Ali já se vê a diferença entre elas (de preço, é claro). Umas com camas, banho quente e gerador de energia. Outras com galpoes e mosquiteiros. A nossa, a mais simples e baratas de todas, com apenas um galpao onde se estivacam redes. Somente banheiros. Sem chuveiros, pois afinal o rio estava ali do lado. Mas a vista incrível, da maior cachoeira do mundo. De noite, o jantar. Enquanto esperávamos, as brincadeiras de que o mundo nao ia se acabar, pois haveria apenas um alinhamento de planetas. E nessa noite, o que aconteceu foi o alinhamento de países. Cada um cantou uma música. Claro, os venezuelanos cantaram muitas músicas. As alemas algumas, os argentinos nenhuma. Na minha vez, cantaram por mim aquela música do Michel Teló.. fala sério! Mas quando chegou minha vez novamente, cantei "atirei o pau no gato"! Enfim, quando a janta ficou pronto, à luz de velas, tivemos que sair da mesa (o grupos dos gringos) para dar lugar aos venezuelanos. A russa se estressou com isso. Tudo bem.

Dia seguinte, acordamos 4h30. Caminhada de quase 1 hora até chegar no mirante de onde se vê bem de perto o Salto Angel, com seus 978 metros de altura. É super lindo mesmo. Impressiona. Imponente. Magestoso. Nao tenho como descrever. As fotos também nao descrevem o lugar. É simplesmente incrível. Dali, mais uma pequena trilha, onde há um lugar onde se pode tomar banho dessa cachoeira. Claro, ela tem essa queda enorme, depois tem uma outra quedinha de uns 5 metros, onde nós estávamos. Eu fui ali e tomei um banho, obviamente. A água gelada. Voltamos ao acampamento e eram umas 8h30. Tomamos café da manha e esperamos o resto do grupo chegar. Todos prontos, saímos e fizemos o caminho de volta pelo rio. Quase 4h30. Chega-se no ponto da caminhada de 30 minutos. Mais alguns minutos até voltar a Canaima, o pequeno vilarejo indígena onde estao também todos os alojamentos, pousadas e hoteis das empresas de turismo da regiao. Assim que se chega, uma caminhada pelo vilarejo. Entao paramos para chupar as autênticas tetas venezuelanas, que nada mais é do que um geladinho em um saquinho em forma de teta, ao invés de ser no formato fálico como em outros lugares. Claro, isso foi motivo de piadas o dia inteiro entre nós. Aliás, a nossa turminha de gringos foi super legal. Os argentinos eram bem engraçados e a cada momento ríamos de suas piadinhas. O vilarejo é bem dividido: numa parte estao os moradores da etnia Pemón. Na outra, as construçoes das agências. Algumas bem luxuosas. Ali está o lago Canaima, onde há umas cacheiras, praia com areia ligeiramente rosada e aquela água escura. Um lugar bem paradisíaco mesmo. Após a janta, os venezuelanos se juntaram para dar presentes às crianças indígenas locais. Por terem fechado um pacote turístico, já tinham combinado de fazer isso. A dona da agência todo ano faz a mesma coisa. Em seguida, fizeram amigo secreto. Enquanto isso, eu e os gringos fomos até a pequena boate local. Ali começamos a ver as diferenças entre os preços dos pacotes comprados. Uns grupos cheios de patricinhas e gente endinheirada. O nosso, o povo de classe média e os gringos que usam a mesma roupa dias seguidos - dentro do qual eu me incluo, nao vou mentir. Ali sim, umas venezuelanas bem lindas. Nada que em uma festinha universitária brasileira nao seja igual ou superior. Ou seja, aos interessados: sim, há algumas venezuelanas lindas, mas sao algumas e digo que sao mais da elite. Como no Brasil: só é feio quem é pobre. Mesmo assim, há as pobres belas. Aqui na Venezuela, o que vi sao algumas bonitas e muitas comuns ou feias. Na festinha, muita música latina. Nosso grupo, com gente mais simples e sem vergonha de ser feliz, logo se lançaram na pista e foi engraçado ver aquelas senhoras dançando agachando até o chao. Foi divertido.

Dia seguinte, fomos fazer o passeio para o Salto del Sapo, uma das cachoeiras ali mesmo do lago Canaima. Nas tantas, perguntei se a gente podia mergulhar do alto de uma pedra. O nosso guia disse que nao, pois haviam muitas pedras no lago (a russa tinha sido dispensada nessa hora. Mesmo assim, a chamamos por educaçao e ela foi com a gente, pela primeira vez nesse lugar). Entao, ele abre uma exceçao e nos fazer caminhar pelas pedras da cachoeira até um ponto onde se pode saltar. Foi bem legal! Claro, os argentinos fazendo piada: isso é o legal de pagar tours baratos, porque se fossem aqueles das meninas de chapinha, nao haveriam guias loucos! Realmente, foi uma loucura andar naquelas pedras super escorregarias e nadar naquele lago. Tomar banho naquela cachoeira foi bom mesmo. Na volta, pagamos eu e os 2 argentinos o voo sobre o Auyantepui e que passa pelo Salto Angel. Cada um desenbolsou 800 Bs. Uns 40 minutos de voo. É legal ver ali de cima a maior cachoeira do mundo. Após esse voo, que eu digo nao ser indispensável nesse passeio, mas apenas uma coisa a mais, voltamos e almoçamos e pegamos o voo de volta a Ciudad Bolivar.

Por fim, um balanço. Paguei 1600 Bs o voo ida e volta Ciudad Bolivar - Canaima. E 1400 Bs o tour pela agência Tiuna Tours, a mais simples de todas. A outra agência em conta era a Kavac, que na cidade eu fecharia por até 3500 Bs. E as mais caras, com Waku em seu alojamento de luxo, nem perguntei o preço. Ali era algo para os famosos e endinheirados venezuelanos e gringos. Acontece que essa do Tiuna eu investiguei na cidade que custaria 3100 Bs, com 1 noite de hostel incluída. Ou seja, sairia a mesma coisa. Eu como economizei uma noite de hostel por me hospedar com José, acabei economizando super pouquinho. Entao, conclusao: nao foi lá o super negócio fechar o tour separadamente (sem o bilhete de aviao). Mas compensou pegar a empresa mais barata, pois o serviço diferencial era apenas no alojamento em Canaima (o nosso eram uns quartos sem ventilador e nos outros eram quartos com ar condicionado e todo tipo de frescura) e o alojamento na frente do Salto Angel. O resto era tudo igual. Para os mochileiros, fica a dica. E para os frescos também.

Em Ciudad Bolivar, passamos primeiramente pela rodoviárias. Aqui na Venezuela só vendem bilhetes no dia em que se viaja. É uma chatice isso. A pessoa tem que chegar cedo e comprar. Se chegar de tarde, como nós chegamos, já praticamente nao existem bilhetes. Eu quase fico sem. Acabei comprando um ônibus que faz viagens particulares. Ainda nao sabia o que me esperava. Voltamos para casa de José, eu, as 2 alemas e o alemao Florian, que nessa mesma noite iria para Caracas. As duas iriam para Barcelona (aqui na Venezuela mesmo). E eu para Maracay. Enquanto esperávamos, chega mais um casal de couhsurfers. Realmente, José tem pique de ficar recebendo gente. Ele é super mega hiper falante e gosta de treinar os idiomas. E ligado constantemente no 220 volts.

Após banho, arrumar os mochiloes e conversas, fomos para a rodoviária. Ali encontramos novamente o grupo de venezuelanos do tour. Foi legal tocar umas músicas no violao e compartir os derradeiros momentos. Entao, sigo até onde está o meu ônibus. Era um veículo em condiçoes precárias, super apertado, que o banco nao reclinava e sem ar condicionado. Senti-me enganado. Mas em seguida, lembrei que pelas empresas normais nao haviam mais bilhetes. Só me restava a conformaçao. O nome do ônibus? Jesuscristo, rey de reyes. Foi uma viagem péssima. Aquele banco que nao abaixava. Eu, que nem sou tao grande assim, nao entrava nos bancos. Fiquei apertado a viagem toda. Ao meu lado, um garimpeiro que tinha uma mulher brasileira que acabou voltando ao Brasil. No início da viagem, muita música evangélica. Foi cansativo. O único aspecto positivo foi que nao tinha aquele ar condicionado a 10ºC dos ônibus convencionais, que ninguém sabe explicar porque tao frio.

Enfim, valeu a pena todo o passei por Ciudad Bolivar e Canaima. Lugar inesquecível. Top 3 de lugares mais lindos em que já estive. Por enquanto, sem fotos. Estou em um computador sem entrada USB para baixar umas fotos. E estou só tirando foto de celular, pois minha câmera pifou mesmo. As do celular nao sao tao boas. Apenas de dia e com muita luz tira fotos legais. Ainda bem!

Teco-teco

voando no teco-teco

Vila de Canaima

Parque nacional de canaima

Auyantepui

auyantepui

Salto Angel

Santo Angel

Florian, Natalia, Marco, Margarita, Anita, eu, Franco

Lago canaima

Salto del Sapo

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