segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Monte Roraima

Meu contrato como professor visitante estava acabando. E meu destino era incerto. Passei anos no Amazonas e não fui subir o monte Roraima. Então decidimos que era agora ou nunca. Eu só tinha o período de recesso. Conversamos com a família da Fernanda e decidimos passar o natal viajando. Ano novo com a família. Peguei dicas do monte Roraima com amigos. Eu mesmo já tinha estado em seu pé anos antes, em mochilão no final de 2012. Sabia mais ou menos como era o esquema. Preparamos nossas mochilas: 1 calça, 1 calça segunda pele, 2 pares de meias, 3 cuecas, 1 segunda pele de camisa, 2 camisetas, 1 agasalho, itens de higiene pessoal, 1 toalha seca rápido, 1 par de chinelos, 1 par de calçados especiais de trilha (o meu eu tinha desde 2012 e já estava bastante surrado: timberland impermeável), capa de chuva, saco de dormir, protetor solar, óculos escuro, chapéu. Comidinhas: barrinhas, castanhas, granola caseira, farofa com pedaços de carne seca. 1 barraca também, caso precisássemos para escalar.

Saímos de Manaus 21.dezembro.2015, uma segunda-feira. 6h00 pegamos a estrada com meu Uno guerreiro. Fomos fazendo rapidíssimas paradas no caminho, para banheiro e comer qualquer coisa em quiosques. Chegamos na fronteira às 17h10, após 1025km rodados. Após cruzar a fronteira, fomos para Santa Helena de Uarién. Procuramos hostel e estava tudo lotado! Procuramos então uma agência para logo fazer a trilha. E par ao dia seguinte encontramos a agência KAMADAK. Tudo muito caro, porque era natal. Pagamos U$400,00 + R$500,00 cada. No total, saiu 2400 bolivianos. Passeio de 6 dias. Foi caro, mas já estávamos lá e queríamos bastante fazer o passeio. Não rodamos 1000km para desistir. Esse dinheiro tinha sobrado do mochilão Sulamérica. Então tudo resolvido. Assistimos as recomendações dos guias. Um grupo de umas 14 pessoas: 1 japonês, 1 casal de japoneses, 1 coreano, 2 ingleses (fedorentos e super malas!), 1 família de venezuelanos (pai, mãe, 2 irmãos) e a nora (parecia a Luiza Possi). O pacote incluia: desjejum, almoço, janta, barraca, isolante, guia, carregadores.

Para pagar, tentei trocar o dinheiro. Os R$500,00 deu uma bolsa plástica CHEIA de dinheiro! Quando falei dos dólares, os próprios cambistas me disseram para negociar com a agência. Claro, na agência aceitaram os dólares. À noite, jantamos num restaurante qualquer. Pagando com um bolo de dinheiro.

Dia 22.dezembro. 1º dia. De manhã ainda demos uma volta na cidade. Saída lá pelas 10h00 da cidade. Almoço na entrada no monte Roraima. Caminhada durante toda a tarde até o primeiro ponto, onde se toma banho num rio.

Dia 23.dezembro. 2º dia. Caminhada a manhã toda. Apenas subida. Meio leve ainda. Até o pé do monte Roraima. Cansativinho já.

Dia 24.dezembro. 3º dia. Subida radical do monte Roraima. Super cansativo. A hora mais emocionante é passar por debaixo de uma cachoeira, para chegar ao topo. Chegamos no topo para almoçar. Quebrados! Lá em cima, umas voltinhas para explorar. Natal foi dormindo mesmo, de cansaço.

Dia 25.dezembro. 4º dia. Explorar o topo. Cheio de cristais. Me senti o Gollum, do senhor dos anéis. Obcecado pelos cristais, de tão lindos! Os guias tinham avisado que na saída do passeio, os guardas revistavam inteiro e, pegando no flagra, multa ao turista e à agência. Mesmo assim, peguei 1 cristal lindo.

Dia 26.dezembro. 5º dia. O mais difícil de todos. Descer os trechos do dia 2 e 3. Tudo de uma vez. Chega-se no destino final da tarde. Completamente doloridos. Como os guias avisaram de novo da revista no outro dia, me livrei dos 3 cristais que peguei. Eram lindos, eu sei. Mas melhor não arriscar.

Dia 27.dezembro. 6º dia. Caminhar até a entrada do parque, a manhã toda. E a tal da revista, que de fato é super meticulosa. Até tubo de pasta de dente eles apertam. Só passaria se eu tivesse enfiado o cristal no c... Ainda bem que fui mais forte à tentação e joguei os cristais no riacho. Saindo de lá quase sem conseguindo andar. Uma dor fortíssima nas pernas. Ácido lático dominando. Doía de descer um degrau mínimo sequer. Nos levaram para almoçar em outro vilarejo. Comemos fartamente. E dali pra Santa Helena. Fomos pra um Hostel, que já tinha deixado reservado. Era no 2º andar e foi super penoso ter que subir e descer escadas. Situação estava crítica.

Dia 28.dezembro. Tentamos abastecer na cidade. Diziam que com 5 centavos se enchia o tanque. Mas a fila era gigantesca. Demoraria horas para abastecer. Fomos até o posto na fronteira e a fila era maior ainda. Voltamos pra cidade e ligamos pro nosso guia, que já tinha oferecido nos vender. Ele cobrou caro o litro da gasolina. Mesmo assim, enchi o tanque por R$50,00. Ou seja, umas 100x mais do que o preço na cidade. Mesmo assim, 3x menos do que o preço brasileiro. Conseguimos pegar a estrada às 8h00, apesar de ter tentado sair às 5h00. Paramos em Boa Vista para almoçar, supostamente com uma amiga da Fernanda, que no momento em que chegamos no restaurante, ela furou. Seguimos viagem, pisando fundo na estrada vazia. Paramos em Presidente Figueiredo lá pelas 18h30, para comer uma deliciosa tapioca recheada. Já sabendo que estávamos bem próximos. Chegamos em Manaus 20h00, quebrados ainda. Bem doloridos. Foram mais uns 2 ou 3 dias de repouso. Mas super valeu a pena. É bem linda a trilha e a emoção de completá-la.

A diferença do pacote de 8 dia é que lá em cima se fica mais 2 dias. Há também como ir por conta, pagando um guia (é obrigatório) e um carregador da comida. Assim fizeram uns amigos. Nós preferimos pagar agência mesmo.