segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Las Vegas

Após a manhã em Flagstaff, almocei e peguei a carona com um funcionário do hostel para a rodoviária. De lá, eu esperei o bus da empresa greyhound, com o bilhete comprado pela internet (que sai muito mais barato do que comprar na hora). Saiu 15h30. E após umas 4h30 cheguei em Las Vegas! Bus igual aos demais: confortável, com wifi, cheio de preto, latino e branco pobretão. E eu, claro, mochileiro sul-americano.

Enfim, ao chegar em Las Vegas a gente fica impressionado. A cidade é gigante e só em um pequeno pedaço estão os cassinos e hotéis cheio de luzes. A rodoviária ficava bem perto da Fremont Street, onde era a antiga Las Vegas. Dali, fui andando até o Sin City Hostel. Eu tinha lido nos comentários dos hóspedes (pelo site do hostelworld) que o hostel ficava numa região um pouco perigosa. Assim que desci do bus olhei as redondezas para ver se era isso mesmo. De fato, as ruas estavam meio vazias. Mas como eram alguns quarteirões apenas, decidi ir a pé mesmo e pronto.

O hostel era simpático, cheio de gente doida. Logo que entrei vi os recepcionistas jogando video-game de uma maneira exagerada. Depois havia hóspedes enclausurados em si mesmos, sem olhar para ninguém. Ai fui reparando que o povo era meio doido por ali. Que cidade estranha!

Eu estava bem cansado esse dia. Já era noite. Fui dar uma volta apenas para comer. No dia seguinte eu queria conseguir ir para algum lugar nas redondezas. Voltei e dormi cedo, mesmo sendo um Sábado à noite. Pra mochileiro, não faz diferença qual o dia da semana.

Na manhã seguinte, nada de passeio pelas redondezas. Não havia transportes públicos fáceis. Então dormi o resto da manhã e sai para almoçar, parando num restaurante mexicano bom. Depois segui a pé para a Fremont, que era razoavelmente perto do hostel, onde estão as atrações da primeira Las Vegas. É uma rua com uns 3 ou 4 quarteirões, cheio de luzes, lojas e cassinos. Muitas e muitas coisas para comprar. Ali já fui comprando umas lembrancinhas. Nos cassinos, muitos velhos jogando nas máquinas caça-níqueis. E gente do mundo inteiro andando naquelas ruas. Fiquei a tarde toda ali, andando e olhando tudo. A cada momento eu ia escutando: "come on, you are in Las Vegas" (vamos lá, você está em Las Vegas). Como querendo dizer: apenas hoje faça isto ou aquilo. Fui recusando todos esses convites "inocentes".

No fim da tarde, voltei para o hostel, mas peguei um ônibus (chama-se "Deuce") que se paga um ticket de 24h por U$8,00. Vale bem a pena, porque as distâncias não são grandes, mas de pequena em pequena distância a gente vai cansando. Dali, parei no Stratosphere Hotel, com a torre enorme de onde se vê toda a cidade. Me arrependi de não ter pago o pulo lá do topo, preso por apenas uma cordinha. Como nos sonhos em que a gente se joga da varanda! Em seguida fui visitando todos os hoteis e cassinos da Las Vegas Boulevard, conhecida também como The Strip. Tinha um que parecia o Egito antigo. Outro era a cópia de New York. Outro um mundo encantado. Outro parecia Veneza (foi o que mais gostei, porque tomei um autêntico gelato italiano). Outro era Roma antiga. Vários hotéis, todos temáticos. Dentro deles estão os cassinos, as casas de show e muitas, mas muitas lojas. Compras e mais compras para quem quiser gastar. De um cassino para o outro eu fui pegando o Deuce, mas se fosse meio distante. Nas ruas, lojas e mais lojas. Umas bem baratas. Comprei um tênis por um precinho bem camarada, numa daquelas prateleiras de queima de estoque.

Dica: alguns hotéis têm show grátis. Basta se ligar no horário e ir lá ver. Eu mesmo não peguei o vulcão em erupção (Mirage) e nem o show das águas (Bellaggio). Enfim, fica a dica!

Após ver tudo e já ficar cansado, resolvi voltar ao hostel. Afinal, foi o dia inteirinho de caminhada. Topando com gente e grupos do mundo inteiro. Mais à noite, o clima de Las Vegas vai se tornando erótico. Cartazes de disk-sexo. Gente oferecendo sexo nas ruas. Muita gente bêbada. Jovens e velhos querendo diversão. Uma hora o Deuce parou e fiquei olhando um outdoor eletrônico: a mensagem parecia piada até. Começava assim: você só tem essa vida, então aproveite tudo agora. Depois: se entregue aos prazeres da vida (com umas mulheres de lingerie assediando um cara). Ai vinha: não pense no amanhã, só no agora. E assim por diante. Achei o cúmulo do patético!

Uma cidade no meio do deserto, que virou um grande centro de entretenimento. O clima é bem quente e o ar bem seco. Toda hora bebendo muita água. Muita mesmo, porque o ar seco estava detonando minha garganta e lábios.

Na manhã seguinte acordei cedo. Peguei o Deuce até um ponto de bus. Dali peguei um outro até o aeroporto, que demorou bastante e fiquei com medo de perder o voo. No aeroporto, ainda tive que pegar uma van de um lugar para o outro. Sai correndo fazer checkin. Sorte que eu não precisava despachar bagagem, porque meu mochilão cabia dentro da aeronave. Corri até a fila do avião e, por sorte, estava atrasado uns minutos! Ufa! Voo de várias horas até New York, em plena segunda-feira, no aeroporto de La Guardia, pela United Airlines. Que é bem pior do que a American Airlines!

E sim, muitas e muitas igrejas com gente casando! Achei engraçado. Vi um casal de cabeças brancas se casando. Sempre é hora para recomeçar!




































sábado, 27 de setembro de 2014

Flagstaff - parte 2

Minha estadia no Arizona terminava neste dia. Acordei sem preocupação de despertador. O quarto no hostel tinha apenas 2 beliches. Perto passa um trem, mas com o tampão de ouvido dorme-se no silêncio absoluto. Levantei e tomei meu café da manhã, com as coisas que comprei no supermercado. Durante a refeição, conversas com os hóspedes. Aquele papo de sempre: "olá, de onde você é? O que achou do Grand Canyon? Foi pra Sedona? Está indo pra onde?".

O resto da manhã peguei o carro e fui fazer umas comprinhas. Depois devolvi na loja. E fui dar umas voltas no centro da cidade. Fui visitando as lojas, mas sem querer comprar nada. Então cheguei nas ruas centrais, onde estava acontecendo um evento com os povos indígenas da região. Fiquei impressionado em ver que muitos mal falavam inglês. Incrível como até hoje eles estão resistindo.

E uma das coisas que mais ouvi deles é que a preservação da cultura acontecia pela preservação da língua. Achei isso bem interessante. Muitos vendendo seus artesanatos. Os preços bem elevados. Por isso só deu mesmo para eu levar uma única lembrança indígena. Escolhi justamente do povo Hopi, aquele que diz estar na terra para trazer a paz mundial.

Após o almoço, voltei pro hostel. Esperei a hora de ir para a rodoviária. Pedi para me levarem lá, afinal era o serviço gratuito do hostel. Um senhor de uns 70 anos, que trabalha há uns 30 pro hostel, me levou. Esperei o bus chegar. Novamente, cheio de negros, latinos e brancos pobretões. E eu, mochileiro sul-americano de pais subdesenvolvido. Ops, país em desenvolvimento! Destino: Las Vegas!

Merece eu contar um causo. Na viagem de Phoenix para Flagstaff, eu peguei o bus e sentei logo na frente. Como os bancos logo da frente estavam livres, eu fiquei mudando de banco pro outro, para pegar melhores ângulos das fotos. Mas eu tinha visto uma maleta, que gentilmente acomodei nos bancos ao lado. Quando estava no meio da viagem, o motorista reclamou para o segurança, que estava no banco de trás, dizendo que as coisas dele foram tiradas de lugar. Então, o segurança veio reclamar gentilmente comigo. Nas palavras dele, eu era um jovem inconsequente que não segue regras. Acatei à chamada de atenção dele e fiquei parado no mesmo banco. Achei engraçado os estereótipos que as pessoas nos colocam. Jovem, viajando de bus, só podia ser um baderneiro. Enquanto eu esperava o bus Flagstaff para Las Vegas, vi o mesmo segurança. Ele me reconheceu e deu apenas um sorrisinho. Sorte a dele que o baderneiro não subiu no bus dele. Mas desta vez já tinha aprendido: fiquei quietinho no meu lugar. Sentei ao lado de um desses americanos super babacas. Logo que sentei, ouvi ele falando sozinho reclamando da vida. Nem liguei. Em seguida, ele se mudou de banco, como se sentindo-se incomodado por alguém sentar-se ao seu lado. No que ele se mudou, o cara no lugar próximo olhou pra mim e riu, dizendo que eu tinha me dado bem de ficar com os dois bancos para viajar. Com certeza! E eu fiz aquela cara de: "doido esse cara, hein". Linguagem não verbal sempre ajuda!
















sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sedona

"God created the Grand Canyon, but lives in Sedona" (Deus criou o Grand Canyon, mas mora Sedona). Essa foi a frase que mais era dita a respeito de Sedona. Eu já havia pesquisado na internet e visto fotos incríveis do lugar. Mais do que isso, havia relatos de que ali há 5 vórtices de energia do planeta terra. Fiquei me perguntando se não era papo de hippie drogado inventando coisas. Tal como o túnel em São Tomé das Letras, onde tem uma galera tomando LSD, sopa de cogumelo e fumando pamonha, dizendo que esse tal túnel conduz diretamente a Machu Picchu.

Logo de manhã, antes de ir para o Grand Canyon, eu deixei um recado no hostel, chamando mais gente para ir para Sedona. Durante o passeio, convenci o argentino, Facundo, a alugar um carro no dia seguinte para ir para Sedona. Quando voltamos ao hostel, havia mais o recado de Pablo, um espanhol. Então combinamos de ir nós três.

Na manhã de Sexta-feira, dia de ir para Sedona. Liguei para uma empresa de aluguel de carros para saber se eles aceitariam a carteira de motorista brasileira. Claro que sim, afinal de contas as empresas norte-americanas fazem de tudo para gerar lucros. Dai acessei o site e aluguei um carro por U$ 35,00. Mais o dobro do valor para seguro. Eles foram nos buscar no hostel. Nos levaram até a sede da empresa. Pegamos o carro. Paramos num supermercado e compramos nosso lanche de almoço. E fomos pra estrada. Seria 1 hora de viagem. Rodovias bem boas. Muito perto de Flagstaff, mas um trecho descendo as montanhas em curvas bem fechadas. Era uma rodovia cenográfica. Super linda. Eu dirigindo, prestando atenção na estrada e na paisagem.

Finalmente, chegamos em Sedona. Uma paisagem simplesmente linda. Fomos parando nos pontos estratégicos. Primeiro na igreja. Depois, paramos na Bell Rock. Ali é onde diziam que havia um dos vórtices. No site do couchsurfing eu também tentei hospedagem em Sedona, mas sem sucesso. Havia um anfitrião que dizia hospedar em troca de levar os hóspedes nessa Bell Rock. Se ele levasse 1000 pessoas, seria transportado por um portal a uma outra dimensão. E ele já tinha levado umas 500 pessoas. Quando pedi hospedagem, ele disse que não estava em Sedona por uma temporada. Enfim, eu quis ir lá nessa Bell Rock e ver se sentia alguma coisas do tal do vórtice. Paramos o carro e o Pablo não quis ir até lá, preferindo cuidar do carro e não pagar o estacionamento. Fomos eu e Facundo. Caminhadinha com direito a parar para comer figo da índia (aqueles frutos dos cáctus), mas com espinhos que ficaram na minha mão e boca por uns dois dias até eu conseguir tirá-los. Tentamos subir na Bell Rock, mas levaria um tempinho considerável. Mesmo assim, subimos um pouco e a experiência valeu a pena. Em relação ao vórtice, não sei dizer se senti alguma coisa. Sei dizer que curti o lugar e achei incrível.

Em seguida seguimos pela estrada de Sedota até Oak Creek, a vilinha seguinte. No final da cidadezinha, dobra à direita na última rua antes de chegar na estrada. Segue e uma hora vira estrada de terra, mas segue até o fim. Lá estaciona o carro e entra nas montanhas grátis. Onde para é onde há umas fotos de um riacho lindo com as paisagens das montanhas ao fundo, que aparecem nos catálogos de fotos. Seguimos as trilhas, que não tem indicação, e subimos as montanhas. Apreciamos cada momento da paisagem. Ali do alto tudo era muito lindo.

No fim do dia paramos no centrinho de Sedona. O Facundo resolveu pagar U$80,00 por uns 20 minutos de leitura de mão. Enquanto isso, fiquei olhando as várias pedras nas lojas de artigos esotéricos da cidade. Na volta, muita atenção na estrada cheia de curvas. No caminho quase atropelo uma família de animais cruzando a estrada. Aquele bicho que nem sei o nome: preto e branco, com os olhos que parece que tomou um soco e o rabo com listras preto e branco. Freiei forte e consegui não atropelá-los. Dai, quando chegamos de volta em Flagstaff, eu e Facundo paramos num restaurante argentino. Pablo, que não queria gastar a toa, foi comer no hostel mesmo.

Frio considerável em Flagstaff. Dia seguinte, à tarde, meu bus para Las Vegas.