sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Voltando a Manaus

Após os dias na comunidade de Barreirinha de Cima, chegou a hora de voltar. Naqueles dias, já estava sentindo muita falta de comer verduras e frutas. Não era época de nenhuma fruta. Eu já havia passado mal de diarreia por 3 dias, resolvido com a água curtida em casca de castanheira e mangueira. Já estava começando a sentir o peso da alimentação diferente daquela do meu cotidiano. Só o glúten eu não abro mão de não comer, pois tenho intolerância. O resto, não tem como: fritura, arroz branco, leite em pó, chocolate, açúcar.

Teve um dia que fomos a um festejo. O meu primeiro! Na comunidade Murinzal. Foi bem legal. Vivenciei a importância que esses eventos festivos têm para a vida no interior. É momento de alegria, onde os ribeirinhos se visitam, fazem torneio, cozinham, dançam forró e formam casais.



Também vim com um tupé. É um tapete feito de fibras vegetais, do arumã. Feito por uma comunitária especialmente para mim. Fiquei bem contente com o resultado!


Por fim, foram 3 dias de baixada para voltar a Manaus. Gostei da expedição. Fui bom assistentes prestativas e tranquilas de trabalhar. O pessoal do barco é gente boa. O trabalho fluiu bem. Agora é esperar a próxima viagem a campo. Chegamos em Manaus no dia 31 de Agosto, um dia antes do programado.




terça-feira, 7 de agosto de 2012

RESEX Auati-Paraná

E finalmente chegamos à Reserva Extrativista Auati-Paraná. O barco deixou eu e minha equipe na comunidade Barreirinha de Cima. Encontramos com uma segunda equipe lá. Ficaríamos por 18 dias na comunidade, até o momento do barco voltar a nos pegar. Continuaríamos mais uma semana com o barco, em outras localidades e voltando a Manaus.

Para chegar, navega-se o rio solimões acima. Entra-se no rio Maiana. Depois o canal Aiupiá. Enfim, chega-se ao rio Auati.



Durante esses dias na comunidade, desenvolvemos nossos trabalhos socioambientais, que consiste no monitoramento e avaliação da implementação do uso da madeira caída para produção de pequenos objetos de madeira.

Foi bom estar na comunidade. O lado negativo: pouca higiene, nenhuma verdura, muitos insetos (principalmente mutuca e carapanã), tomar banho de roupa num portinho no rio, não ter banheiro, não ter geladeira nem energia elétrica. O lado positivo: peixe sempre fresco, hospitalidade dos ribeirinhos, natureza exuberante, simplicidade das pessoas, aconchego, ritmo tranquilo, calmaria.






E nesses dias que fiquei lá, estreitei os laços com o povo da comunidade, comi muito peixe e pude relaxar cada vez mais o jeito urbano e adotar o modo rural. Gosto de trabalhar no interior por causa disso: estar em contato com a natureza e com uma cultura onde as pessoas são mais tranquilas e serenas. Isso me faz bem.

domingo, 5 de agosto de 2012

Fonte Boa

E finalmente chegamos em Fonte Boa. E no interior a festa começa na Quinta-feira e termina Domingo. Isso significa que assim que o barco aportou, a turma se arrumou para sair. Fomos todos ao centro, onde havia o lugar da moda tocando música pelo DJ. Cheio de gente. Me impressiona a falta de projeto de vida dos jovens nesses lugares. E a facilidade com que alguém pode arranjar um casamento. Quando contei pro pessoal do sudeste, eles ficaram chocados, mas é como a coisa funciona neste interior amazônico. O forasteiro chega e há muitas moças que estão esperando para serem levadas embora. Para alguns pode ser bizarro. Para outros, uma facilidade. Eu não quis trazer nenhuma pra Manaus.

No dia seguinte, andar pela cidade para os contatos institucionais. Muito buraco, lixo na rua. Cidade completamente abandonada. E em véspera de eleição, nenhuma mudança estava sendo feita, com desculpa para obtenção de votos. Um município jogado às traças. Muito triste ver isso no interior da Amazônia. Entramos em contato com as autoridade competentes e fizemos nossas reuniões.



Dia seguinte partiríamos para a RESEX Auati-Paraná. O nível do rio cada vez mais baixo nesta época do ano.

sábado, 4 de agosto de 2012

Alvarães

Mais um dia navegando e, finalmente, passamos por Tefé e chegamos a Alvarães. Logo saltei do barco e fui buscar internet. Confesso que tenho dificuldades de ficar longe do mundo virtual. Principalmente porque há poucos dias eu tinha ido no encontro familiar e estavam postando muitas fotos e comentários.

A cidade é pequena. A praça, no sábado à noite, estava com várias pessoas. No interior a grande maioria é de estatura baixa. E são todos morenos, com aquela cor de pele da mistura indígena. Eu destoava na paisagem, sendo branco.

Tinha uma "festa" naquela noite. A única boate da cidade. Nestes interiores, o povo gosta de forró bagaceira, brega, reggaeton e eletrônico. Tem músicas em português que só toca pra estes lados. E todo mundo sabe cantar. Claro, são letras chulas e pouco instrutivas. Ficamos eu e mais alguns peões da expedição.



Engraçado que no interior o povo tem uma fortíssima tendência à promiscuidade. Meninas sem grandes projetos de vida. E homens também. Poucas pessoas com dinheiro, em geral do funcionalismo público e política. A maioria não tem dinheiro pra quase nada. E adoram essas festas. Assim vão vivendo. Eu fiquei o suficiente na festa para me divertir um pouco. Conheci uma tia levando sua sobrinha pra fanfarra. Engraçado a maneira como ela explicitava a ética moral daquele lugar, sem vergonha de julgamentos e de serem o que são. E aquele povo se embriagando e dançando de modo que beira a vulgaridade. Depois voltei ao barco, antes que os nativos começassem a ultrapassarem o limiar de alcolismo tolerável. Nessa hora, eles poderiam ficar valentes com os forasteiros. Dito e feito. No dia seguinte, o pessoal que ficou me disse que os caras lá já estavam mal-encarados e empurrando.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Coari

No primeiro dia de viagem, navegamos e apenas passamos por Manacapuru e Codajás. A política da expedição é não navegar à noite, pois em experiências anteriores isso se mostrou perigoso. Então, sempre que a noite chegava, o barco parava na beira do rio.

Eu já conhecia boa parte dos peões e alguns engenheiros florestais e biólogos da expedição do ano anterior. Foi legal rever a eles e compartilhar mais este trabalho. Já estava com saudades de fazer essas viagens. Durante o dia, a gente nos entretivemos com os jogos olímpicos, que estavam passando na televisão. No barco já antena parabólica. E de noite, passei a acompanhar a novela.

A comida do barco desta vez estava melhor. Dois cozinheiros sempre preparando refeições boas. Claro, já sabia que no início teríamos verduras. Então, fui aproveitando.

Na primeira noite, paramos numa beira de rio. Muito mosquito. Meu mosquiteiro funcionou bem. Sempre dormindo em rede. E na noite seguinte, chegamos em Coari, uma das maiores cidades do interior do Amazonas. Ali saímos todos para um bar. Eu que não bebo, apenas acompanhei. A maioria foi para um pagode em seguida. Eu e as meninas da equipe voltamos caminhando até o barco. Nada como andar, após 2 dias parados, só embalando na rede e assistindo televisão.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Expedição Auati-Paraná 2012

E mais uma expedição científica. Desta vez, com o pessoal do inventário florestal, seguiríamos pelo rio Solimões até o município de Fonte Boa. Projeto da dinâmica do carbono na floresta amazônica. Enquanto uma parte se dedicaria ao inventário, eu e minha equipe fomos realizar nossas atividades socioambientais em uma das comunidades da RESEX Auati-Paraná. Desta vez minha equipe contava com Marklize, assistente social, e Camila, bióloga que participaria apenas os dias iniciais. Os preparativos da viagem envolvem muitas coisas: elaboração de instrumentos de pesquisa, comida, roupas, itens pessoais, remédios, reuniões e articulação.

Enfim, embarcamos dia 1º de Agosto no barco. Passamos a noite aportados ainda em Manaus e logo de manhãzinha subiríamos o rio Solimões.