quinta-feira, 24 de março de 2011

Mochilão Sulamérica 2006-2007: Chile

Peguei o ônibus que saiu de Salta, passou por Jujuy e me pegou no trevo de Purmamarca. Na real, no trevo da estrada que segue reto para Tilcara e bifurca para Purmamarca. No caminho, passamos pela Salina Grande. Eu não fui até lá porque iria ver o maior salar do mundo em uns dias, o Salar de Uyuni. Na fronteira, apresentei meu RG e entrei facilmente no Chile. Era dia 02 de Janeiro de 2007. O ônibus seguiu por uma grande reta e fui avistando as vastas planícies altiplânicas daquela região chilena. Finalmente, chego em São Pedro de Atacama.

São Pedro de Atacama
Procurei logo o Hostel International da cidade. Na internet, eu já havia visto também outros 2 hostels, por preços em conta. Fui a um deles e uns italianos folgados me receberam. Nem quis ficar naquele lugar. Em seguida, procurei o outro, mas não encontrei. Fui ao HI Hostel mesmo, com seus triliches. A recepcionista era simpática, mas os serviços do local bem precários. E o dono do estabelecimento bem chato. São Pedro de Atacama só tem uma rua principal, cheia de agências de turismo e restaurantes caros. Lembro que o preço dos pratos eram 5000 da moeda chilena. Na primeira noite fui jantar com um brasileiro que estava no hostel, detestando o lugar. No dia seguinte ele se mandou para outro lugar. Eu acabei ficando ali mesmo. Nesse dia, fechei os passeios para os 2 dias seguintes. Acordei cedo e fiz o passeio que vai ao salar do atacama, às lagoas altiplânicas e umas cidadezinhas ali perto.
Salar de Atacama

Salar de Atacama












O salar do Atacama é uma pedras de sal que brotam do chão. Há umas pequenas lagoas tóxicas também. E muitos flamingos rosa. Em seguida, as lagoas altiplânicas Meñiques e Miscanti. Sobe-se até mais de 4200m e lá estão elas. Imperando no silêncio, rodeadas por vulcões. A vegetação amarelada. Um cenário bem interessante.

Lagunas altiplánicas: Meñiques y Miscanti

Meñiques



Miscanti












Depois disso, fomos comer em um restaurante agilizado pela agência de turismo. Em seguida, visitar Socaire, uma cidade pitoresca, segundo está escrito na placa de entrada. Há igrejas antigas e gente simpática.

Vendedora Atacameña

Igreja Atacameña















Fiz o passeio com um casal de chilenos, um casal de gays (um do chile o outro finlandês), um casal brasileiro (a mulher com uns 40 e poucos, o cara dançarino de axé de 20 e poucos). Pense! De noite, combinamos de fazer sand board nas dunas do deserto. Foi eu, o casal de brasileiros e mais uma norte-americana que saiu a primeira vez do país. Ela estava bastante assustada. E a cada momento eu fazia piadinha de que estávamos na parte subdesenvolvida do continente... E o guia, que nos levou até as dunas, passando ilegalmente pelas barreiras. Lá nas dunas, dei muita risada com o guia brincando com o dançarino de axé. O casal colocou um iPod com som. Mas nas tantas, o guia pediu silêncio, para escutarmos o silêncio. E pude escutar o silêncio. Não me lembro de ter tido outras ocasiões em que escutei tamanho silêncio. No dia seguinte, aluguei uma bicicleta e sai pedalando pelo deserto do Atacama! Fui até uma ruína de povos atacameños. Levei bastante água, claro.

Pueblos atacameños

Ruínas atacameñas

















Dali, segui para um memorial. Caminhei por uma trilha montanha à cima. Esse memorial foi do povo que ali habitava. Chegaram os invasores e degolaram várias pessoas. O povo então se perguntou "Deus, por que nos abandonastes?", tal qual dizem que Jesus, na cruz, falou na hora da morte. O memorial feito é uma forma de reparar essa mágoa histórica. Fazer as pazes com Deus.

Memorial

Vale de Marte

















Eu estava sozinho ali. Eu e a natureza. Em conformidade com os ares que o lugar inspirava, fiz uma "saudação ao sol", do yoga. Foi muito legal. Senti-me muito bem. Desci, pedalei novamente até a cidade. Procurei um restaurante algumas ruas pra lá da rua central. E o preço: 2000. Uma bela diferença. De tarde, havia pago o passeio para o vale da lua, vale de marte e outros lugares ali perto. Durante o dia pude ver o tamanho das dunas que desci no sand board. E vi porque fiquei dolorido do tombo que tomei!


Valle de la luna

Valle de la Luna

Valle de Marte

Valle de Marte






















E no fim do dia, fomos para um lugar ver o pôr-do-sol. De noite, umas voltas pela cidade. E, na manhã seguinte, o passeio de 3 dias de São Pedro de Atacama até Uyuni, passando pelas lagoas coloridas, desertos e salar de uyuni.

las 3 marias

En el desierto

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mochilão Sulamérica 2006-2007: Argentina

Sai de São Paulo dia 17 de Dezembro de 2006. Peguei ônibus de Osasco para Foz do Iguaçu. Na mochila tive que carregar roupas para vários climas: frio andino e calor amazônico. Meu objetivo na viagem: 1) visitar meus parentes no noroeste argentino; 2) conhecer o deserto do Atacama, Bolívia, Peru (Machu Picchu); 3) tocar minha pesquisa de doutorado, nas comunidades ribeirinhas amazônicas. Portanto, ao invés de ir pelo Brasil, fui por fora, seguindo a cordilheira dos andes e, então, entrar na Amazônia.

Na despedida de São Paulo.
Foram 17h de viagem. Por coincidência, no banco ao lado veio um amigo de um amigo da faculdade. Chegamos em Foz e logo pegamos ônibus para o lado argentino. Deixei para outra ocasião atravessar a ponte da Amizade e ir ao Paraguay fazer umas comprinhas. Em Puerto Iguazu, tratei de arranjar um hostel. Lembro de ter encontrado um com piscina e churrasco todo dia, por 15 pesos, num quarto coletivo. Como cheguei logo após o almoço, nesse dia dei umas voltas pela pequena cidade. Simpática e com histórias de conquistas de portugueses e espanhóis.

Na fronteira tríplice Brasil, Argentina, Paraguay
O que vi nessa fronteira tríplice foram os resultados a invasão de povos destruidores. Encontrei indígenas miseráveis procurando sobreviver. À noite, churrasco no hostel e confraternização com a galera, em sua maioria argentinos. No dia seguinte, fui visitar o parque de Iguazu. Pelo lado brasileiro, há apenas uma passarela que conduz à melhor vista das cataratas. Já pelo lado argentino, um parque enorme, cheio de cachoeiras, trilhas e atrações. Eu, claro, privilegiei o lado de los hermanos. Paguei uns 90 pesos pela entrada do parque, que dá direito a 2 dias de visitas. Visitei apenas por 1 dias mesmo, que me foi o suficiente. Paguei para ir de bote inflável para baixo das cachoeiras. Na hora da Garganta do Diabo, caiu uma chuva mais do que forte. 

Lá, conheci 2 holandesas e fiquei amigos delas e me pagaram o jantar. Nessa noite, peguei o ônibus direto para Tucumán, cidada materna. Foram quase 24 horas de viagem. Lá minhas tias e primas queridas me esperando. Fiquei nem 1 semana. Natal em família. Dia 25 de Dezembro, peguei ônibus para Jujuy. Umas 4 horas de viagem. Dormi 2 noites num hostel que descobri na hora, onde conheci 2 porteñas que encontraria a viagem toda. Jujuy é simpática, cheia de gente de fisionomia de índios andinos. Informei-me a respeito de ônibus para o Chile. Comprei o bilhete direto a São Pedro de Atacama, para dia 02 de Janeiro de 2007. Para me pegarem no trevo de Purmamarca. Comprado o bilhete, fui para Purmamarca, primeira cidade da Quebrada de Humauaca. Lá, o famoso cierro de los 7 colores. A melhor visão é durante a manhã.


El Cierro de los 7 Colores - Purmamarca
Cordobeses.
Lá conheci uma turma de Cordoba. O da esquerda subiu comigo nas montanhas pra tirar essa foto acima. O outro amigo dele, não lembro. Em seguida, Consuelo e seu amigo Juan Pablo. Fiquei amigo deles e ela até fez um desenho que guardo até hoje. Foram 2 noites por lá. Em seguida, fui para Tilcara, a cidade do Carnavalito Humauaqueño. Bem lindinha a cidadezinha. Visitei o Pukara, o jardin altiplánico e uma cachoeira "garganta del diablo". Dei umas votas pela cidades e já entrei no clima andino. Comi muitas empanadas, bifes milanesa, tomei uma bebida de milho que esqueci o nome, super nutritiva logo como desayuno. Assisti show de música andina ao vivo. Inesquecível. Conheci mais porteños, que tenho contato até hoje: Diego e Miguel. Consegui me hospedar num pulgueiro básico, por um preço bem barato, também por 2 noites.

Pukara de Tilcara
Jardin botánico altiplánico

Dali, segui para Humauaca. Fiquei 1 noite lá, num quarto individual de 15 pesos.  Preferi garantir um ano novo num quarto só pra mim.A cidade tem um mirante onde há uma imagem de nossa senhora. E muitos artistas, tal qual em Tilcara. Dia 29 dormi lá. Encontrei mais vários amigos que fiz ao longo da viagem. No centro da cidade há uma praça muito simpática, com um relógio em uma torre que sai um homem de metal tocar o sino. 

El mate argentino!

Virgen Medalla Milagrosa.
Humauaca
Ali foi o grande ponto de encontro de todos argentinos que vinha encontrando durante a viagem: Diego e Miguel, Consuelo e Jaun Pablo, outros cordobeses, outros porteños e umas européias. E sempre tomando mate com eles! Muitas conversas, risadas e histórias mirabolantes. Decidi ir com Diego e Miguel para Iruya, no dia 30. Logo cedo pegamos o ônibus. Cheio de mochileiros! Arranjamos um hotelzinho por lá, por 15 pesos, num quarto compartilhado. A cidadezinha super agradável. Encontrei mais gente por lá. Os argentinos são muito legais.

Iruya

Argentinos!

Fiesta de reyes

Típicos del altiplano
Nos dias em que estive no noroeste argentino, todos os dias peguei festas de reis. A tradição popular mostrando sua força. Comemorando a vinda dos reis magos, visitar o rei dos judeus, ao som andino! Em Iruya, frio à noite. Os mochileiros se divertindo. Comida muito barata. Nativos com fisionomias altiplânicas indígenas. Gente simples. Ali, encontrei novamente Consuelo e Juan Pablo. Durante o dia, eu e Miguel e Diego fomos andando até San Isidro. Vilarejo que só se alcança indo à pé. Foram umas 3h de caminhada. E valeu muito a pena. O visual é incrível. E as pessoas muito calorosas. Um senhor nos contou muitas histórias. 

Miguel, Diego y Marcelo
Artesanas de las montañas

Mujeres de San Isidro
 Ao fim do dia, voltamos para Iruya. De noite, mais empanadas, música e muita conversa com los hermanos. Dia seguinte, visitar o cemitério da cidade e mais umas voltinhas e relaxar com a galera. Como dia 01 de Janeiro não haveria ônibus para Humauaca, eu e mais praticamente todos mochileiros voltamos para lá nesse dia 31 mesmo, passar ano novo por lá. Conheci o grupo de argentinas que eu cruzaria a viagem toda e ficaria amigo: Laura, Eugenia, Paula e Belém. Já em Humauaca, fizemos churrasco para o ano novo, como toda a turma que ficamos amigos. Muito legal.

Fiesta!
Nessa noite, eu e Consuelo descobrimos o que é se expressar sem medo. Foi muito divertido.  Fiquei novamente no hostel com quarto só pra mim. Pedi para uma mulher lavar minhas roupas. No dia seguinte, o primeiro dia do ano e dia internacional da ressaca, umas voltas pela cidade e relaxar. Dia 02, peguei minha mochila e ônibus de volta para Purmamarca, mas parei no trevo onde passaria meu ônibus para o Chile. Ali, 2 mochileiras pegando carona. E pegaram fácil! Gastei dinheiro à toa com o ônibus. Algumas horas de viagem até a fronteira, pelo Passo de Llama. Segue pelo Chile até San Pedro de Atacama.

O noroeste argentino é muito lindo. Super barato. Conheci os mochileiros que cruzaria a viagem toda.  Gostei muito das paisagens, da cultura, da simplicidade. E das festas com a galera, claro! E já me apaxionando pelas argentinas, que eram lindas, descoladas e não-frescas. Dali, alguns seguem para La Quiaca e cruzan para a Bolívia, por Villazón. Outros, como eu, seguem para San Pedro de Atacama.