Marcelo. As viagens.: Medellin

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Medellin

Ainda na fila do ônibus de Cartagena para Medellin conheço Wes (norte-americano) e Anne (Nova Zelândia). A viagem deveria durar 12h. A poltrona era boa e o ar condicionado nao estava tao frio. No entanto, a estrada pelas montanhas está longe de ser uma Rodovia Imigrantes. Isso significa: curvas e mais curvas. Tive um sono nao muito bom, devido a escorregar de um lado para o outro a noite toda. Ainda durante a manha, fizemos uma parada em Llanos de Cuiba, uma regiao montanhosa que tinha um ar suiço pelo friozinho e pelas muitas vacas pastando.

Chegamos em Medellin por volta das 10h45. Ana ainda nao tinha hostel e iria ver se havia vaga em um deles na mesma regiao do meu. Wes tomou seu rumo, pois estava trabalhando na Colômbia há uns meses e veio à cidade em busca de uma oportunidade de trabalho. Pegamos o metrô até a estaçao Poblado e uma longa subida nos esperava. Muitos e muitos quarteiroes ladeira acima. No entanto, assim que pisamos na cidade, nos sentimos bem. Um clima super agradável nao só na temperatura, mas no ambiente social. De cara começo a ver que há muita gente de boa aparência. Finalmente chegamos no Hostal Tiger Paw, que pago 24000 cop no sábado e 21000 cop as demais noites. Anne resolve também ficar ali mesmo. Após almoçarmos, vamos dar uma volta pela cidade. Primeira parada, praça onde estao as estátuas de Botero e, em seguida, entrar no museu de Antioquia, onde estao mais obras deles e de outros artistas. Fernando Botero, que é paisa (os nascidos em Medellin) dizia que apenas dava volume em suas produçoes e que nada tinha que ver com gordos e gordas. Mas eu acho que é mentira, porque ali no museu eu vi um grupo de argentinos e um deles era idêntico aos gorduchos do Botero. Tanto que ele estava todo encabulado! Em seguida, estávamos quebrados e decidimos ir para a praça dos pés descalços. Uma tremenda enganaçao, pois nao tem árvore nenhuma e sim apenas um quadrado cheio de areia em que se deve tirar o calçado. Mais cansados ainda, voltamos ao hostel e era umas 17h30. Combinamos de rumbear mais à noite. Acontece que eu dormi de mais e só acordei 23h15. Já nao havia ninguém no hostel. Entao pego um taxi super baratinho para o lugar que uma paisa conhecida me recomendou. Chego lá e os caras me barram após me medirem de cabo a rabo, com desculpas esfarrapadas de que nao permitem pessoas entrarem sozinhas. Volto para o bairro Zona Roza, que fica a 2 quarteiroes do hostel e que mais se parece com a Vila Madalena paisa. Ainda cansado, dou umas voltinhas e nao me animo a entrar em um dos muitos bares do lugar. Volto e caio no sono.

Hoje acordei bem cedo, pratiquei yoga no terraço do hostel e logo fui para o jardim botânico. Bem bonito e calmo. E nao é que lá estava rolando uma aula de yoga? Mas já estava pela metade e entao deixei pra lá. Em seguida, entrei no planetário por 12000 cop, onde se assiste uns filmes 3D a respeito da formaçao do universo. Nada de mais o local. Ao lado está o Parque Explora, um espaço onde havia uma exposiçao de Darwin, um aquário e uns brinquedos científicos para estimular a imaginaçao dos usuários e descobrir a respeito de física. Nao quis entrar porque achei um pouco caro. Havia uma fila e fui ver o que era. As pessoas do extrato 1, 2 e 3 (as classes D e E no Brasil) nao pagam, desde que apresentem uma conta indicando o extrato ao qual pertencem. Após o filminho e ver as exposiçoes da formaçao do universo, dos planetas e dos buracos negros, finalmente consegui almoçar a famosa bandeja paisa. Consiste em um prato com arroz, bacon, banana, abacate, linguiça, ovo, uma carne desfiada e salada. Bem satisfeito, segui rumo ao teleférico que leva ao parque Arvi, mas para minha surpresa ele estava lotado e nem pude subir ao teleférico. Decidi entao ir visitar o Pueblito Paisa, um micro vilarejo construído no alto de uma colina que reproduz as vilas do interior. Super simpático o lugar. Ali mesmo se pode avistar a cidade toda. Ao anoitecer, é legal ver as luzes da cidade. Ali perto havia os alumbrados, que nada mais é do que um trecho do rio todo cheio de luzes natalinas. Muito lindo e cheio de gente. Muita gente. Abarrotado.

Estes dias sao ainda de feriado para a maioria dos colombianos. Muitos viajam para conhecer as cidades do país e aqui é um dos lugares visitados. Mas a maioria mesmo é paisa. A cidade me agrada bastante. O clima é super agradável. As pessoas super simpáticas. E muita gente linda. Estou impressionado. Bem que me avisaram que as paisas eram as mais lindas do país. A faxineira do metrô é linda. A policial é linda. A mocinha do caixa do supermercado é linda. As assistentes do hostel sao lindas. Nas ruas, muitas lindas andando. E os caras com um jeito de mauricinhos todos arrumadinhos e com pinta de endinheirados. Realmente a Colômbia sim faz jus a alguns títulos de miss universo e de modelos exuberantes. Nao quero ficar mais tempo aqui se nao já vai me dar vontade de morar nesta cidade. Agora sim eu entendo porque os colombianos que vao para Manaus querem voltar a seu país. Entendo perfeitamente. Aqui o clima é agradável, as pessoas legais e bonitas, um jeito amistoso das pessoas, a natureza bela, cultura rica, comida boa. Enfim, a Colômbia realmente impressiona a muitos que vêm visitar. Até agora, desde a costa até estes momentos no interior, estou tendo boas experiências com o povo daqui. Se este país um dia foi tomado pelo tráfico e guerrilha, agora isso já está um pouco distante das principais cidades.

Aliás, aqui há um tour para a antiga casa do Pablo Escobar, para mostrar o luxo que ele construiu. Ali se pode falar com o irmao dele. Obviamente que nao vou fazer esse passeio. Achi apenas engraçado. De alguma maneira, ainda rola uma certa admiraçao por quem foi esse homem e do legado que ele deixou.

Agora à noite reencontrei com Anne e combinamos de ir amanha a Guatapé, um vilarejo nas montanhas com cenários pitorescos. No fim do dia voltaremos e aproveitamos os últimos instantes em terras paisas. Em seguida, sigo para Manizales, cidade del eje cafetero (triângulo do café).