quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Hacienda Guayabal - Chinchiná

Acordei cedinho para poder tomar o café da manhã oferecido pelo Hostal Aquí me Quedo, preparado pelas mãos do próprio Diego: ovo mexido, arepa e chá. E eu sempre carregando umas frutas comigo. Essencial! Um pouco antes das 8h00 veio nos buscar uma moça que todos os dias sai de Manizales e desce 1000 m de montanha até chegar em Chinchiná. Ela é dentista e sempre que algum hóspede do hostal quer ir para a cidade fazer o passeio para a fazenda Guayabal, ela os pega e cobra 5000 cop. Praticamente o mesmo preço de pegar uma buseta até a rodoviária e outra até lá, mas com a comodidade de ir de carro e muitíssimo mais rápido. Estávamos eu e Román, o mexicano que gosta das touradas e que veio para a Colômbia motivado por duas coisas: 1) ser fã de touradas; 2) ter visto belíssimas colombianas em seriados de TV. Eu não assisti em seriados, e sim vi algumas pessoalmente e imaginei que na fonte haveriam mais!

Chegamos rapidamente em Chinchiná e dali já nos esperava o filho da dona da Hacienda Guayabal. Ele nos leva de carro até a fazenda, sem cobrar nada. No caminho vamos conversando já a respeito do café colombiano. Após poucos minutos chegamos ao destino. Um mar verde de plantas e mais plantas de café, que cobrem praticamente toda a paisagem. O que dá um contraponto no visual são alguns bambuzais e umas árvores com flor amarela, que se destacam naquele mar verde. O moço começa o tour (20000 cop) já oferecendo um café, que estava aguado propositalmente. Quando voltaríamos do passeio, ele nos faria tomar um verdadeiro café encorpado, com grãos selecionados e com aroma único. Quem nos guia foi Edwin, um rapaz que gostava de falar de história, políticas e movimentos sociais. Explica-nos tudo a respeito das sementes, germinação, mudas, plantio, clima, frutos, colheita e tudo mais. Bem completo o passeio. Gostei bastante. Ao longo do caminho íamos conversando a respeito da situação política do país, da história da América do Sul, dos libertadores, da guerrilha, das personalidades importantes na Colômbia. Ele saca a nota de 1000 pesos colombianos (cop) em que há uma das figuras importantes da história, que está proclamando um discurso. E na plateia está nada menos que Fidel Castro, na primeira fila! Entre outras muitas personalidades que naqueles anos 1950-60 faziam efervescer nosso continente. Foram boas conversas que tivemos ali, naquele mar de plantas de café. Descendo um dos morros encontramos com os trabalhadores da fazenda, que somam 35 empregados fixos e cerca de 100 nas duas colheitas maiores anuais. Essa região colombiana é boa para o cultivo de café devido a seu micro clima, que faz com que as plantas deem frutos o ano todo e com maior produção nas safras. Voltando do passeio então tomamos a segunda taça de café, desta vez conhecendo todo o processo de produção dos grãos. A maior parte é vendida para a Federação dos produtores de café colombiano. Esta é que faz o controle de qualidade e venda, que em seguida vai às empresas que realizam o tostado das sementes e a venda. Mas ali mesmo eles preparam uma pequena produção local, aos visitantes. É desse café que experimentei. Simplesmente outra coisa completamente diferente! Aquilo sim que era café de verdade! Em seguida já nos esperava um almoço (15000 cop) especial caseiro. Realmente estava bem delicioso o prato. E por fim, a dona nos leva de volta à cidade, sem cobrar nada.

Assim que cheguei em Chinchiná, me encontrei com Caro, que conheci ali no hostal em Manizales. Ela mora na cidade. Me levou para dar umas voltas, passando por uma fábrica de café, praças e, finalmente, pela beira do rio onde estão parques para os jovens. Ali fiquei um pouco com medo, porque parecia uma zona um pouco perigosa. Nessa hora confesso que rezei umas vezes, mas sem aparentar pânico. Na real, ali era um lugar tranquilo. Fazia um calor absurdo. Muito calor. Paramos ali numa sombra e fiquei observando a vida dos cidadão chinchinenses que passavam por ali. Alguns jovens de bicicleta. Mães com seus filhos. Gente passeando com seus cachorros. Conversamos sobre as dificuldades da vida e como podemos fazer para superá-las, buscando força e firmeza em nossos propósitos. Guiando-se sempre para o que é bom. Apostando nos passos corretos, para então enxergar que há um caminho do bem. Rezando e pedindo orientação ao nosso anjo da guarda. Na real, dei uma de psicólogo e orientei a moça, que tinha altos problema familiares e não sabia como seguir adiante rumo à evolução e prosperidade. Foi uma tarde agradável ali naquela cidade de interior colombiano, no triângulo do café.

Peguei uma buseta ao entardecer e voltei a Manizales, por 3000 cop. Reencontrei com Román, que havia ido assistir mais uma tourada. Troquei as derradeiras ideias com Diego e sua família. Despedi-me já com certo clima saudoso de estar indo embora tão rapidamente daquele lugar. Nessa viagem estou me dando conta de que quero ficar mais tempo nos lugares, não só estar de passagem. E vim pegar o ônibus das 22h00 rumo a Bogotá, capital colombiana. Finalmente conhecer essa cidade que muitos dizem ser tão agradável!
Hacienda Guayabal
Donos a Hacienda Guayabal
Bambuzal no meio do cafezal
Mapa da Hacienda Guayabal
Tostar e triturar o café de maneira artesanal
Brotos de café
Mar verde de café


Flores amarelas destacando-se na paisagem
Ladeiras de café

Colhendo café

Trabalhadores do café
Variedades de café tostado e ao natural


Eu, francês que falava baixnho, Román
Mini-rodoviárias de Chinchiná


Fábrica de café
Centro de Chinchiná
Praça de Chinchiná
Derretendo de calor. Caro, eu.

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