quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Manizales

Após uma boa noite de sono no hostel em Medellín, acordo tranquilo, pratico yoga novamente no terraço, como meu café da manhã comprado, despeço da recepcionista paisa super gatinha e pego um taxi até a Terminal Sur (rodoviária Sul). Chego para pegar o bus das 10h00. Na verdade era uma mini-van (35000 cop) super moderna, com direito a filme em DVD, ar condicionado e boas poltronas. A estrada cheia de curvas, pelos Andes colombianos. No caminho, paramos para comer e logo seguimos viagem. Como já de costume, comi algumas empanadas de farinha de milhos.

Finalmente chego em Manizales, lá pelas 15h00. Ainda na rodoviária, me dou conta que os bilhetes para Bogotá são escassos e que a viagem dura 8h, muito mais do que eu pensei para os apenas 259 km de distância. Então logo compro o meu bilhete para dali 3 dias, quinta-feira à noite, às 22h00, por 50000 cop. Pego uma buseta vermelha até o hostal Aquí Me Quedo, de propriedade da mãe do Diego, um amigo que estudou em Manaus e voltou para Manizales. Assim que chego, ele não estava. Espero uns minutos e finalmente ele aparece. Bom rever os amigos! Conta-me da cidade, dos passeios que posso fazer e do famoso evento Ferias de Manizales, que já está na 57ª edição. Trata-e de um evento festivo da cidade, que mobiliza milhares de pessoas. A população praticamente dobra nessa época. Há muitos shows, eventos, desfiles e todo tipo de gente vendendo coisas. Dizem que é o maior evento do gênero na América Latina. Realmente durante esses dias vi muita gente. Muita mesmo.

Diego me fala das opções mais comuns aos mochileiros que passam por Manizales: visitar o Nevado del Ruiz, visitar as fazendas cafeteiras e dar uma volta pelos parques da cidade. Como eu achei caro a primeira opção e queria dar mais destaque aos eventos culturais da cidade, decidi apenas ir visitar umas das fazendas de café da região, que está situada no famoso Eje Cafetero colombiano (eixo do café). Ainda durante essa tarde, conheço Caro, uma paisa que morava numa cidade vizinha. Estava conhecendo as feiras de Manizales junto com um colega. Fomos eu, os dois e mais um alemão a dar uma volta pela cidade, para ver o pôr-do-sol. A cidade é muito interessante. Foi construída no topo de uma montanha (não em forma de pico, mas alongado). O centro fica nessa parte alta, 2100 m de altitude. A cidade cresceu e foi se esparramando montanha abaixo. O hostal ficava quase no topo da montanha. As ladeiras são super íngremes. As busetas percorrem essas ladeiras em todos os trajetos. Dali do alto de pode ver o vale. E os picos nevados acima. É bem linda a paisagem. E temperatura perfeita: de dia calor e de noite frio. A cidade foi construída ali por motivos estratégicos. No início do século, o transporte era feito por cabo, em carrinhos suspensos nos cabos de aço que percorriam o alto das montanhas. Diziam que funcionava das 5h00 às 17h00. Assim que chegava o horário, as cargas paravam onde estavam. Eram longas distâncias. Com isso, havia muitos roubos. E mesmo pessoas que adormeciam e caíam dos carrinhos. Lá pelos anos 1920 chegou a ferrovia, acabando com essa tradição dos "cables". E mais tarde veio o automóvel. O hostal ficava pertinho da Cable Plaza, onde estão ainda algumas torres dos cabos para recordar a história da cidade.

Nessa primeira noite Diego levou eu e mais uma colombiana a uma casa de tango. Isso me impressionou muito na cidade. Ali era um lugar tradicional de tango! Diziam que antigamente os trabalhadores dançavam tango e as famílias ricas dançavam o Passo Doble, que não igual mas também não é lá muito diferente. Com o passar dos anos e tendência a dissolver essas diferenças sociais, os dois estilos de dança foram misturando-se nas classes sociais e atualmente muitas famílias dançam esses estilos. Isso mesmo: nessa casa de tango que fui estavam famílias inteiras. Avô, pai e filho. Todos dançando tango, passo doble e estilos correlatos. Fiquei me perguntando como essa tradição havia chegado ali, pensando que somente na Argentina havia tango. Enfim, foi uma noite agradável e de surpresas culturais.

Dia seguinte, acordei não muito cedo fui com Diego e sua mãe a ver o desfile das Carretas del Rocío. Como toda festa grande, há também a eleição da Miss. Manizales fazia a eleição da Rainha do Café. Cada uma das rainhas era representante de um país produtor e consumidor de café. Cada uma desfilava em um carro decorado com flores. Cada uma foi passando e fui admirando a beleza de algumas. Criticando a nem tão beleza de outras. Observando mais o carisma que cada uma tinha. O tempo inteiro dando tchau aos milhares de observadores que as cumprimentavam. Elas o tempo inteiro com aquele sorriso e carinha de boa moça, cumprimentando a todos. Fiquei imaginando que deve ser um tanto cansativo, pois a avenida era enorme! Na hora do Brasil, chamei a brasileira. Era de São Paulo. Mas esqueci de pedir o telefone... Quando finalmente passaram todas, chegou a hora dos carros promovendo as companhias de bebida alcoólica. Obviamente, com moças em trajes sumários e altamente atraentes. Há quem prefira as Misses, com suas carinhas de certinhas. E o último carro era da Crystal, que produz Agua Ardiente (tipo a cachaça colombiana). Com as melhores manizalenses e um cara vociferando que Manizales exportava as mulheres mais belas da Colômbia. Diga-se: as derradeiras Misses Colômbia vieram desta cidade. E me contaram que eles promoviam o tal do Miss Tanga Crystal, que elegia o trazeiro mais lindo do evento. Perdi essa! Mas observando ao redor, vi que realmente seria uma belíssima competição, acirradíssima e não deixando nada a desejar com o tão cobiçado objeto de desejo brasileiro. Sim, em Manizales também mui belas moças, por todos os lados. E eu já conformado que tenho que voltar, continuar minha jornada na Amazônia. Mas com muitos torcicolos!

Passado o desfile, almocei num boteco qualquer e fui ao Recinto del Pensamiento, por 7000 cop, nas redondezas da cidade, montanha abaixo. É um parque natural, onde ser pode fazer um percurso de 2h, guiado por uma mocinha ou rapaz do parque que conduz pelo jardim de plantas medicinais, orquidário, borboletário, trechos de floresta, jardins e local dos beija-flores. E cheio de flores. Gostei bastante do local. Um clima super agradável e de paz. Vi muitos pássaros, flores e me senti bem de caminhar por aquelas montanhas e árvores. Ali estava um pouco menos cheio do que outros lugares da cidade.

Ainda de tarde peguei uma buseta e fui até o centro. Completamente abarrotado de gente. Ruas e mais ruas cheias de vendedores e pessoas comprando coisas. Ali há umas igrejas bonitas. Uma delas é a catedral da cidade, construída em concreto após a primeira de madeira ter se incendiado. Na cidade houve vários incêndios que deixaram boa parte da cidade destruída. Com o passar dos anos, as construções passaram a ser de concreto. A igreja é tida com uma das mais altas do mundo. Ali se pode subir até a torre mais alta, num mirante a 102 m de altura. Paga-se um tour de 1h, por 7000 cop. Consegui estar ali justo na hora do pôr-do-sol. Ao falar que era brasileiro, vários colombianos super contentes pela minha visita ao país! Bastante lindo ver a cidade inteira, no alto das montanhas. Ali perto estava Chipre, o bairro onde Pablo Neruda um dia veio, viu esse espetáculo da natureza e disse que ali era a "fábrica de atardeceres". Eu, particularmente, achei bonito mas nada de mais. Esse povo não viu o que é um fim de tarde na Amazônia, onde o céu fica colorido no extremo oposto do horizonte onde o sol está se pondo. Dali andei até a Plaza de Toros de Manizales, onde estava terminando uma tourada. Em Manizales, como também em Medellín e muitas outras cidades colombianas, há touradas. Iguais aquelas da Espanha. Eu não quis pagar para ver. Simplesmente fui ali ver o recinto. Como já tinha acabado, vi apenas multidões saindo. Voltei na praça central e assisti a um show de salsa por uns minutos. Em meio àquele formigueiro humano. Fiquei apenas imaginando com seria o planeta com bem poucos espaços sem pessoas. Já cansado do dia inteiro, voltei ao hostal. Decidi não sair, porque estava muito cansado. Esperei todos saírem e lá pelas 21h40 me dediquei ao yoga.

Dia seguinte me espera ir bem cedo para a Hacienda Guayabal, uma fazenda produtora de café. Virão me pegar aqui no hostal. Vamos eu e um mexicano, Román.

Van Medellín-Manizales
No meio das montanhas

Eu, Caro. Cables históricos.

Cable plaza, no entardecer

Colombiana, Diego e eu, indo para o Tango.
Desfiles das Carretas del Rocío


Rainhas dos países consumidores/produtores de café

Água Cristal. E não a aguardiente Crystal...
Carro típico das fazendas de café
Recinto del Pensamiento
Competição de lenhadores
Passeio guiado pelo parque




Sorvete de café
Centro de Manizales
Centro de Manizales
Centro de Manizales
El bolívar condor
Centro de Manizales
Centro de Manizales
montanha abaixo...
Centro de Manizales
Catedral. Ali no alto da torre, el Corredor Polaco a 102m de altura
Vitrais da catedral
Indo ali em cima na torre

Chipre - a tal da fábrica de entardeceres
No alto da torre
D. Suzana, Diego, X, eu e Luiza

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