segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Letícia - Tabatinga - Manaus

Meu voo era ainda na parte da manhã rumo a Leticia, pela Lan, que agora faz parte da TAM, empresa brasileira. Assim que desci da buseta fui andando com o jovem casal para fazer o check-in. Em seguida, eles me perguntavam coisas da cidade e então tirei o guia Lonely Planet e mostrei a eles. Gostaram tanto que até tiraram cópia da parte que fala de Leticia. Ensinando os primeiros passos aos mochileiros principiantes.

Enquanto esperava, carreguei meu celular, toquei um pouco de violão. Almocei cedo. Enfim o voo. E após quase 2h, Leticia. A pérola amazônica da Colômbia. Uma cidadezinha que possui todos os serviços essenciais que um centro urbano precisa. Assim que cheguei, vi que os policiais cobravam uma taxa aos gringos. Eu, é claro, comecei a falar espanhol e então me deixaram passar direto. Moto-taxi até a casa de Dora, uma senhora do couchsurfing que me esperava. O calor apresenta seus primeiros sinais. Enquanto andava, uns meninos andando de bicicleta chamam meu nome. Reconheço um deles. São moradores da comunidade ribeirinha que fiz pesquisa no doutorado!! Dou meu número de celular para que o tio deles me ligue. Foi a família que me hospedou a maioria das vezes que estive por lá. Me deu muita saudade deles nesse momento. Acontece que o sinal não estava muito bom ali e no fim das contas nem consegui falar com eles. Após um pequeno desencontro, finalmente cheguei na casa de Dora. Ela mora sozinha, numa casa construída segundo os padrões que ela determinou. Toda coberta por tela de mosquiteiro. Bem simples e simpática a casa. Era aquelas casas de layout moderno, com um único grande cômodo. Ela expandiu um segundo cômodo, que ficou como sala de visitas e para receber os hóspedes. Conversamos de viagens, espiritualidade e dos caminhos que percorremos nesta vida. Antes do anoitecer, fui dar uma volta pela cidade, que estava com quase todo comércio fechado nesse dia. Voltei cedo para casa, onde ela me esperava com janta vegetariana. Ali estavam um casal de jovens amigos, que a moça irá a Manaus fazer uma parte do doutorado. Contei como era a cidade e a impressão que meus amigos colombianos relatavam dali. A moça se assustou um pouco com a parte dos preços e custo de vida, mas em seguida viu que lá era que nem em Leticia: frutas e verduras custam um absurdo. Fui dormir cedo, cansado da viagem.

Cedinho acordo e meu voo me espera. Passo rapidamente no centro de Leticia para trocar os últimos trocos. Vejo que tenho bem pouco e compro umas lembranças finais. Com o último dinheiro mesmo pego um moto-taxi, que me leva até a cidade brasileira, direto ao aeroporto. O voo atrasa. Tudo bem: estou no Brasil, na Amazônia, quase chegando em casa. Nesse percurso, já noto a diferença entre os costumes de ambos países. Voo tranquilo. Chego em Manaus e Henrique vai me buscar no aeroporto. Enfim, cheguei. Reconhecendo por inúmeros sinais que estou de volta a esta cidade, capital de uma região. Alguns dizem que é um outro país. Outros ressaltam o tamanho continental. Eu digo: outra dimensão! Quase um universo paralelo verde, talhado em pedras cinzentas e banhado por águas negras.

A segunda viagem terminou. Começou agora a terceira viagem: aquela que relato, revejo e rememorarei daqui para a eternidade...

Gostei desta viagem. Nem tão longa, nem tão curta. Tempo suficiente para ponderar que alguém trilhando um caminho de evolução espiritual pode se aventurar como mochileiro, sem maiores problemas ou infortúnios. Aliás, muito pelo contrário, encontramos no caminho pessoas de bem e belas paisagens. Vivencia-se experiências significativas, que acrescentam na nossa caminhada. Isso estive conversando com Dora: ao viajar estamos abertos para muitas coisas novas, que em nosso cotidiano não temos a oportunidade por estar numa rotina de repetições. Ao ter que lidar com situações inusitadas, nos deparamos com aspectos de nós mesmos que ficam mais claros de serem vistos. E assim temos chance de repensar muita coisa, examinar detalhes antes não ponderados e tomar atitudes diferentes. Volto transformado, mais uma vez. Agora é tempo de aquietar e seguir adiante. Desta vez voltei feliz de chegar a meu lar, doce lar. Uma senhora, vizinha minha, fez questão de ajeitar todo meu apto. Entrei e estava tudo limpinho, arrumadinho e lavado. Graças a Deus!

Leticia, na amazônia colombiana
Plaza Orellana
Fim de tarde na cidade das todos
Dora, eu.
Na imensidão dos céus
Marcas da viagem
Manaus à vista!




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