sábado, 27 de setembro de 2014

Flagstaff - parte 2

Minha estadia no Arizona terminava neste dia. Acordei sem preocupação de despertador. O quarto no hostel tinha apenas 2 beliches. Perto passa um trem, mas com o tampão de ouvido dorme-se no silêncio absoluto. Levantei e tomei meu café da manhã, com as coisas que comprei no supermercado. Durante a refeição, conversas com os hóspedes. Aquele papo de sempre: "olá, de onde você é? O que achou do Grand Canyon? Foi pra Sedona? Está indo pra onde?".

O resto da manhã peguei o carro e fui fazer umas comprinhas. Depois devolvi na loja. E fui dar umas voltas no centro da cidade. Fui visitando as lojas, mas sem querer comprar nada. Então cheguei nas ruas centrais, onde estava acontecendo um evento com os povos indígenas da região. Fiquei impressionado em ver que muitos mal falavam inglês. Incrível como até hoje eles estão resistindo.

E uma das coisas que mais ouvi deles é que a preservação da cultura acontecia pela preservação da língua. Achei isso bem interessante. Muitos vendendo seus artesanatos. Os preços bem elevados. Por isso só deu mesmo para eu levar uma única lembrança indígena. Escolhi justamente do povo Hopi, aquele que diz estar na terra para trazer a paz mundial.

Após o almoço, voltei pro hostel. Esperei a hora de ir para a rodoviária. Pedi para me levarem lá, afinal era o serviço gratuito do hostel. Um senhor de uns 70 anos, que trabalha há uns 30 pro hostel, me levou. Esperei o bus chegar. Novamente, cheio de negros, latinos e brancos pobretões. E eu, mochileiro sul-americano de pais subdesenvolvido. Ops, país em desenvolvimento! Destino: Las Vegas!

Merece eu contar um causo. Na viagem de Phoenix para Flagstaff, eu peguei o bus e sentei logo na frente. Como os bancos logo da frente estavam livres, eu fiquei mudando de banco pro outro, para pegar melhores ângulos das fotos. Mas eu tinha visto uma maleta, que gentilmente acomodei nos bancos ao lado. Quando estava no meio da viagem, o motorista reclamou para o segurança, que estava no banco de trás, dizendo que as coisas dele foram tiradas de lugar. Então, o segurança veio reclamar gentilmente comigo. Nas palavras dele, eu era um jovem inconsequente que não segue regras. Acatei à chamada de atenção dele e fiquei parado no mesmo banco. Achei engraçado os estereótipos que as pessoas nos colocam. Jovem, viajando de bus, só podia ser um baderneiro. Enquanto eu esperava o bus Flagstaff para Las Vegas, vi o mesmo segurança. Ele me reconheceu e deu apenas um sorrisinho. Sorte a dele que o baderneiro não subiu no bus dele. Mas desta vez já tinha aprendido: fiquei quietinho no meu lugar. Sentei ao lado de um desses americanos super babacas. Logo que sentei, ouvi ele falando sozinho reclamando da vida. Nem liguei. Em seguida, ele se mudou de banco, como se sentindo-se incomodado por alguém sentar-se ao seu lado. No que ele se mudou, o cara no lugar próximo olhou pra mim e riu, dizendo que eu tinha me dado bem de ficar com os dois bancos para viajar. Com certeza! E eu fiz aquela cara de: "doido esse cara, hein". Linguagem não verbal sempre ajuda!
















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