sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ilha Grande - Causos

O que não é uma viagem sem histórias pra contar? Tudo começa no ônibus. Estávamos viajando em 6 pessoas. Quem me chamou foi Alaine, minha amiga mochileira incurável. Nos conhecemos pela comunidade mochileiros, no orkut. Ai, ficamos amigos no plano real também, não apenas no virtual. Ela ia com André, Tiago, Anita e Tati. Eu peguei um banco separado e ela também. Então, pedimos pra trocar. A mocinha fez cara feia, mas trocou. Na viagem de ida, conversamos a respeito de viagens de mochileiros. Viagem de volta ao mundo em 1 ano. Estimando preços. E avaliando o tanto de coragem que a pessoa precisa ter. E, nas tantas, eu contando das diferenças comportamentais entre as moças do sul, sudeste, centro-oeste, nordeste e norte. Esta última, com as peculiaridade entre: paraenses, amazonenses e acreanas. Ah, as acreanas... Contando, tem gente que até duvida que possa existir um lugar com tamanhas peculiaridades na terra!
E a Aline: "Caracas! Caracas!".
A história mais impressionante foi aquela que conto pra todo mundo.
A noite em que uma mocinha, tentando se engraçar com a minha pessoa, me vira e diz:
"da preta herdei a lascívia, da índia a sensualidade".
Na qual eu respondi:
"e da branca, você herdou o que?".
Deixei a moça sem graça e sem resposta, vejam só. Coitadinha.

Chegamos na Ilha Grande. O clima chuvoso. Sol aparecendo de vez em quando. E eram 09h00 da manhã e hostel só faz check in a partir das 14h00. Eles decidem beber. Eu, abstêmio, dou risadas juntos. Vamos todos à praia de Abraãozinho, por uma trilha. E começa nossa vida de rei. Porçãozinha aqui, bebidinha ali, petisco acolá. Voltamos. O povo dorme. Eu vou fazer minha primeira trilha. Na volta, fizemos check in. Eu tomo banho quente. Relaxo. De noite, vamos todos ao centro. Uma bandinha bem mais ou menos. E um forró bem brega. Só dancei uma meia dúzia de músicas.Voltamos todos cedo. Vou dormir cansado.

Dia seguinte, Domingo, decidimos fazer o passeio para a Lagoa Azul. Um frio de doer no barco! E a água, gelada. Pulei do mesmo jeito. Quase congelo! E não se podia ver nada na água. Todos de snorkel, mas os peixes e tartarugas marinhas deviam estar com frio e não deram o ar de suas graças. De noite, a mesma baladinha meia-boca. Pagamos de rei novamente no almoço e no jantar. Descobrimos um tal de forró na praia de Palmas. Pagar um barco e ir. Eu, Aline e Anitinha decidimos ir. Nas negociações, dois paulistanos do hostel agitando uma turma. E uma loira conhecida deles, querendo ir mas indecisa:
"vamos lá, vai ser legal. Aqui é só essa bandinha sem graça".
Ela, com sangue nos olhos. As amigas, desestimulando a moça. Ela não foi. E lá, na baladinha, só gente doida. Quer dizer, eu, o único abstêmio, seria também um doido? Frio. Muito frio. E nada de forró, só reggae e uns sons legais e estranhos. Nas tantas, fui dormir na praia. Para um "careta", era o que restava. Eu havia levado minha canga. Acordei com uma fogueira ardendo em brasas. Vou lá me aquecer naquela noite gelada. E toco um violãozinho também. O povo aclamou. Já são 04h00 da madrugada. Hora de pegar o barco de volta, com o Mineiro. Uma aventura! E, nas tantas, onde está Aline?

Acordamos e Aline chega. Pegou carona com outro barco. Eu decido fazer a trilha para Lopes Mendes. São 2h00 de caminhada. No caminho, encontro um amigo do Tiago. E mais um casal de hippies. Vamos todos conversando. Trilha linda. Natureza. Chuva. Frio. Sem vento. Quando chegamos em Lopes Mendes, lado da ilha onde está o mar aberto, um frio terrível. E o tal do cara não é que entra na água assim mesmo? Cara corajoso! Voltamos. Eu, o casal de hippies e mais outro casal que eles conheceram ali. Cansei. De noite, só chuva. Encontramos a turminha da noite anterior e ficamos rindo do ocorrido. E, não é que encontramos as duas moças que estavam no banco de trás do ônibus da vinda?
E o começo de conversa, ela:
"Vocês vieram num esquema mochileiro?".
"Não, até que gastamos uma grana". De onde foi que ela tirou isso?
E então:
"Nossa, nos contamos quantas vezes você falou Caracas", dirigindo-se à Aline.
E mais:
"Ah, eu já fui pra Manaus, gostei de lá.".
E mais:
"deve ser legal ir pra Bolívia".
 Pois é, acho que falamos alto de mais! O ônibus inteiro sabia de nossos roteiros... e das peculiaridades que é viver em outra região do país!

Enfim, Terça-feira. Sol! Eu e Aline, a mochileira incurável, decidimos fazer a trilha para Dois Rios. Os demais, ficaram por ali mesmo. São mais 2h00 de caminhada para ir. O caminho é feio. Uma estradinha de terra. Mas chegando lá, que coisa mais linda. Praia maravilhosa. Uma vila de pescadores bem legal. Simplicidade. Paz. Pessoas legais.
E no banho de mar:
"Ah, por que não ficamos mais um dia?".
O mar nos transforma! Sim, decidimos ficar mais um dia. Comemos um belo PF e voltamos, nas outras 2h00 de caminhada. Eu, já com os pés doendo de tanto andar durante os 4 dias de ilha Grande. Voltamos, trocamos os bilhetes de ônibus e da balsa. E, na fila para despedir dos 4 amigos que se iam, a loira!
"Oi, tudo bem? Como é que foi lá no forró?".
"Foi legal. Mas de forró, não rolou nada. Só reggae".
"Ah, e tinha gente bonita?".
"Ah, até tinha sim".
"Fez frio no barco?".
"Fez. Mas a Aline só voltou o dia seguinte".
No qual a loira arregala os olhos. E, sem censura que pudesse detê-la, ela desfere a pergunta fatal:
"Foi por que você estava com um moço?"
E dirigindo-se para a outra mocinha:
"E você também??".
Eu, já preparado para responder aquele inquisitório da loira frustrada, me safei. As perguntas foram só entre mulheres. Uma loira daquelas, uma paulistana típica, da classe das mulheres bonitas, que são concorrência desleal para aquelas de qualquer canto do país e do globo terrestre, indo embora frustrada. Com sangue nos olhos. Vai entender o ser humanos. É cada coisa que nos deixa feliz...

Mudamos de hostel. Fomos para o Resta 1, por R$20,00. Afinal, já havíamos gasto bastante nos primeiros dias. De reis a plebeus. Bizarro. Feio. Sujinho. Recepcionistas pouco amigáveis. Gente doida trabalhando lá. Uma cena grotesca: uma mulher entra tentando espancar a outra, por ciúmes. Só foi apartada nos tapas e gritaria por um homem. Ai, entra um cara que parecia um ogro no meu quarto. A cozinha toda imunda. Parecia enredo de filme de terror. Eu me mudei de quarto! Então, fomos pra uma festinha no antigo hostel. Bem legal. Bandinha, som legal, pessoas legais. E a argentina recepcionista, amante do Brasil! E sabia sambar super bem. Deixou a Aline no chinelo! Encontrei outros argentinos amantes do Brasil. É o que digo pra várias pessoas: os sul-americanos gostam daqui. Somos nós que não nos damos conta que somos sul-americanos. E rola um funk:
"Gordinha, não estou tirando onda, quero ver você dançar. Desce, de-desce, desce desce, GORDUROSA. Sobe, so-sobe, sobe sobe, GORDUROSA".
E, duas cariocas, gorduchinhas, se animam no funk. E rebolam deixando a gringaiada doida.

Derradeiro dia. Trilha para a cachoeira da Feiticeira. Super fantástica. Nada como banho de cachoeira. Aos poucos vou definindo meus gostos: prefiro banho de cachoeira do que de mar. É diferente. Renovação total. Superei o frio daquela água gelada. Revigorante. Em seguida, praia da feiticeira. Pequenininha. E as amigas da loira frustrada nos contam, no dia anterior, que de lá se podia pegar um barco. Foi o que fizemos: por R$ 13,00/cada, fomos ao Saco do Céu, praia do Amor e mais 2 praias. Eu, Aline, um casal (moça carioca e moço espanhol) e 3 argentinos (um deles, amante do Brasil!). Voltamos, tomamos banho e balsa. Encontro o casal de hippies: decidiram morar lá! Já estavam arranjando emprego e tudo!! Essa ilha é incrível. Conheci outras pessoas que foram e decidiram ficar. Toquei violão e o povo se animando. Angra dos Reis. Comemos e fomos à rodoviária, esperar 2h30. Eu, com meu violão, começo no sambinha, MPB... Bossa Nova. O sono quase imperando. Então, relembro os tempos de adolescência: tiro da cartola várias músicas do Legião Urbana, Kid Abelha, Paralamas. Só falou Raul! Ônibus de volta. Mais conversa e... sono profundo. Acordo 04h45, na rodoviária do Tietê. Espero um pouco o metrô abrir. O ônibus para casa sair. Piso no lar, doce lar, às 06h10.

Gostei da viagem. Fiquei bem satisfeito de ter feito as trilhas. Isso me deixa feliz. Cada um com seu gosto. Ter curtido a natureza. Tomado banho de mar e de cachoeira. Aproveitado os 2 dias de sol. Curtido as amizades. Ilha Grande é bem legal. Recomendo.


Eu, Samu, Aline, Tiago, Anita, Tati

Eu entre cariocas
Bruno e Simoninha, os hippies que ficaram na Ilha Grande
Natureza
Eu e Aline, a mochileira incurável, na praia de Dois Rios, após decidir ficar mais 1 dia.
Banho de Cachoeira: o melhor!



No barquinho

4 comentários:

Joely Rodrigues disse...

Muito show Marcelo, vc leva jeito pra coisa.
Eu gosto de lê essas aventuras, mas como diz a outra lá que escutou a conversa..."eu prefiro sair com dinheiro do que no esquema mochileiro" POww fora esse dela né?! Na verdade no meu caso é mais o estilo de vida! Aventura ao máximo nos livros, blogs e etc (pra mim) e aventuras na dose certa na vida real (pra mim).
E mais.. a loira além de frustrada era difícil, ou seja, uma boa oportunidade pra vc tentar algo...
E ainda mais, tipo, qual as peculiaridades entre as amazonenses, acreanas e nós, além de todas serem do norte? Bem... me conta no msn tá ok!
Ahhh! Depois da minha viagem ao RJ te conto o que três paraenses comportadas fizeram por lá! Bjãooo.

Marcelo disse...

Virgi Maria! A loira do sangue nos olhos.. difícil? Histérica!!! hehehe..

Só quero ver: as aventuras das paraenses no Rio de Janeiro. Eu queria muito ser uma mosquinha pra flagras tudo! Viva o BBB!

Mochileira Incurável disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mochileira Incurável disse...

Nem preciso dizer em quais partes eu dei altas gargalhadas, né? Adorei o post Marcelets. E esqueceu de registrar aqui as idéias que quero ver prontas: as quinquilharias decorativas e o diário de bordo.
E dei uma gargalhada estrondosa nos eufemismos. Caracas, meu? hahahaha.

Vivemos para encontrar esses momentos mágicos que só acontecem nos momentos inesperados, para registrar o que não foi escrito abaixo da frase antídoto ;)

E que venha Chapada da Diamantina!