domingo, 3 de abril de 2011

Mochilão Sulamérica 2006-2007: Bolívia

De São Pedro de Atacama, paguei o passeio que passaria pelos desertos, lagoas, vulcões e salar de uyuni até a cidade de Uyuni, na Bolívia. Nem lembro a empresa. Peguei a mais barata mesmo. Lembro que foi uns U$55,00 se não me engano. Seriam 3 dias de passeio até chegar ao destino final. Na manhã do dia 05 de Janeiro, fui até a agência e conheci o grupo: um casal de japoneses, um casal de australianos que moravam nos Estados Unidos e uma senhora suíça, a Ruth. Eu era o único que falava espanhol e inglês. O jipeiro, com sua filha, só falavam espanhol. Portanto, tive que traduzir tudo a viagem inteira. Logo na fronteira Chile - Bolívia, conheci um casal de estudantes de psicologia chilenos. Foi legal a conversa que tivemos. Até hoje converso com a moça, pela internet.


Estudantes de Psicologia chinelos na fronteira com a Bolívia
Na entrada pela fronteira, há um parque nacional que se deve pagar a entrada. Logo que o jipe segue o caminho, encontramos uma fonte de águas termais. Eu, claro, tomei meu banho!

Águas termais

Em seguida, passamos por um musgo de milhares de anos e uns poços de substâncias vulcânicas ferventes. Um cheiro horrível. A paisagem é surreal.

Musgo milenar

Substâncias vulcânicas

















Depois passamos por várias lagoas coloridas: branca, verde, vermelha. São simplesmente surreais. Paisagens únicas. Nessa época do ano, o clima é instável: ora vento, nublado, chuva.. ora quente, com sol e céu aberto. Nas lagoas, um silêncio e harmonia da natureza. Cheio de flamingos rosa. Todas no altiplano, a mais de 4000m de altura.

Lagoa vermelha

Lagoa esbranquiçada

Lagoa Funda (branca e amarela)

Flamingos

Outra lagoa

Outra Lagoa, verde turquesa

Uma lagoa branca (esquerda) e outra verde (direita)
Ao final da tarde, após visitar a lagoa vermelha, fomos ao alojamento. Um amigo já havia me avisado que faria muito frio. Mas nem fez tanto frio assim, por causa da época do ano. No dia seguinte, fomos percorrendo desertos, vulcões e paisagens surreais. Passamos pelo deserto de Dali, cheio de pedras com formas estranhas. E a árvore de pedra, uma formação única.

Árvore de pedra

Montanhas altiplánicas (5000m - 6000m)

Deserto de Dali












Nesse dia chegamos perto dos 6000m de altitude. Em determinados momentos, o motorista parava para abastecer e preparar nossas refeições. No fim do dia, chegamos finalmente ao hotel de Sal. os tijolos são de sal. A mesa é de sal. O chão é de sal. Claro, os almofados e colchão não são de sal. O banho era quente. Ficava na beira do salar.

Da direita: australiana, Ruth, australiano, japonesa, filha, motorista, japonês

hotel de sal

Após uma boa noite de sono, o grande dia do salar. No dia anterior, pegamos muita chuva. Neste dia, o motorista disse que se tivesse muito alagado, não poderíamos entrar no salar. Mas, o sol raiou e os jipeiros resolveram adentrar naquele universo mágico do salar de uyuni, o maior do mundo. O salar é impermeável. Quando chove, fica uma camada fina de água. Ou seja, vira um espelho gigantesco. Perde-se a referência da linha divisória entre céu e terra. É incrível. Surreal. O lugar mais impressionante de lindo que já visitei. As imagens falam por si.

Jipes no salar alagado

Ilha do peixe

Na parte seca do salar

Caminhando nas núvens
Caminhando na vastidão do salar (parte seca)

Jipes
Cancus gigante na Ilha do Peixe

Paramos na Ilha do Peixe, onde já uns cactus gigantes. Lá, pude caminhar pelo salar, na parte seca. Uma vastidão branca. Em seguida, paramos onde trabalhadores retiram o sal. Com suas caras cobertas de vergonha pelo serviço subalterno. Em seguida, o passeio pelo cemitério de trens. Por fim, a cidade de Uyuni.  Todos ônibus para La Paz lotados. Tive que pernoitar na cidade por 1 noite. Conheci mais uns brasileiros e outros extrangeiros. E fui encontrando também os argentinos que cruzei na Argentina. Agora eu estava de volta ao circuito mochileiro. Eu eu Ruth ficamos amigos. Ela é um exemplo: mais de 50 anos, viajando sozinha, com uma mochila com apenas 3 camisetas! Um dia eu chego lá. Veio da Suíça visitar uma filha no Chile. E aproveitou para conhecer um pouco sa América do Sul.

cemitério de trem

Ruth, a mochileira suíça

Confraternização
Como fiquei 1 dia a mais em Uyuni, no dia seguinte eu e Ruth caminhamos pela pequena e pobre cidade. Aproveitei para fazer minhas compras: 3 panos andinos, jaqueta de couro por R$ 20,00 e outras coisas. Super barato mesmo! À noite, peguei um ônibus noturno com a turma para La Paz. Chegando lá, casa um foi para seu lado. Eu havía ouvido falar do Hostel Paris, um reduto barato para mochileiros, mas não sabia o endereço. Andei pelas ruas de La Paz e nada. Acabei indo para um hotel, pagando 40 bolivianos a diária. Super caro para o padrão mochileiro. Numa lista para um passeio, haviam 2 brasileiros. Durante o dia, visitei museus e o centro da caótica cidade. De tarde, num museu, encontrei uma brasileira que conheci em uyuni. Havia brigado com o namorado. E ela me conduziu até o hostel paris, que custava 15 bolivianos! Fica na "calle sucre". No dia seguinte fui para lá bem cedo. E encontrei a turma toda que cruzei pela Argentina! Fiquei bem feliz. Combinei de ir a Tiwanaku com o Tiago e seus amigos. Ele é filho de argentino com brasileira. Pegamos uma van e chegamos lá. O lugar é incrível. Desvendando os primórdios das culturas andinas.

La Paz

Tiwanaku

Tiwanaku

Cholas de La Paz

hostal Paris

Em La Paz, comprei o livro do Eduardo Galeano "as veias abertas da América Latina", contando as atrocidades da dominação espanhola. A retirada de prata de Potosi. A destruição do império Inca. Terrível tudo o que aconteceu. De noite, para espairecer, umas argentinas fizeram uma apresentação de fantoches! Foi simplesmente fantático. Me diverti muito. No outro dia, mais umas voltas por La Paz. E, em seguida, decidi ir para Copacabana e Lago Titicaca, onde os meus amigos mochileiros já haviam ido. Na van, me reencontrei com Erica e sua amiga, duas argentinas que conheci em Humauaca. Em Copacabana, compartilhamos o hostel. La encontrei o Tiago, os mineiros, outros argentinos, argentinas. Estavam todos por ali. Foi super legal.


Rumo a Copacabana

O lago Titicaca












Clima total de festa. À noite, fui para uma balada e me diverti horrores. E me enamorei de mais outra argentina. No dia seguinte, eu Erica e sua amiga decidimos ir cedinho para o Lago Titicaca. Acordei elas na marra e pegamos a balsa das 8h30. São umas 3 horas até a Ilha do Sol. E lá fomos nós. Cheguei lá e estava obsecado por nadar no geladíssimo lago, tal qual havia feito meu orientador na juventude. Bem cheguei na Ilha do Sol, na parte norte, o sol raiou. E eu me joguei na água. Quase morro de hipotermia... Sai logo da água e me joguei na areia. E ali tomei um sol forte que me queimou pelos próximos dias.

Erica, sua amiga, rumo à ilha do Sol

Ilha do Sol

Ilha do Sol

Nadando no Lago Titicaca























Nessa tarde, apareceu um violeiro com uma caixa de som. Fez música para todos os mochileiros ali. E eu reencontrando todos amigos. Foi uma cena muito linda. Uma tarde mais do que agradável. E, finalmente, eu conseguia me aproximar da turma de argentinas que vinha cruzando desde Humauaca. Eram todas lindas e eu tinha me enamorado de uma. Essa tarde comecei a conversar com elas. E logo fiquei amigo delas até o resto da viagem. Essa noite fez um frio forte. Todos os mochileiros se juntaram e se amontoaram para se cobrir do frio. Teve fogueira e muita diversão. Calor humano. Dia seguinte, fomos embora de volta para Copacabana. Antes, almocei e encontrei o violeiro (uns 45 anos) e sua namorada (uns 20 anos). Ele conta que vagava pela América do Sul atrás desses momentos mágicos que vivemos na tarde anterior. Um caçador de momentos mágicos! De volta a Copacabana, me hospedei junto com 2 brasileiros em um hostel. Comemos a famosa truta e, à noite, mais festa, onde reencontrei a argentina do outro dia.

Lago Titicaca

Teoff (brasileiro), eu, argentina, Erica (argentina) e brasileiro.


Na manhã seguinte, a saga para chegar até Cuzco. Ônibus até a fronteira. Outro até Puno. Outro até Cuzco. O saldo da Bolívia: um país maravilhoso, cheio de belezas naturais. Cultura muito farta. Todos os dias eu mascava folhas de coca, que para eles é sagrada. E eu me sentia energizado. É um país super barato. Vale muito a pena visitar toda a região. Me arrependi apenas de não ter ido para Potosi e feito a trilha de La Paz a Coroico de bicicleta. Foram dias de muita festa, muitos amigos e imersão na cultura andina. Gostei bastante.

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