segunda-feira, 20 de junho de 2011

Rio Riozinho 2

Após a passagem pela sede municipal de Jutai, por conta dos casos de malária em algumas pessoas da expedição, retornamos à RESEX do rio Jutai. Faltavam mais algumas comunidades do rio Riozinho para serem pesquisadas.

No entanto, parece que ali começava meu final de semana de azar. Logo no Sábado, enquanto ainda estávamos em Jutai, resolvi aderir ao novo esporte: o pranchão. A voadeira (lancha) vai correndo o rio com uma corda. A pessoa segura a corda e, com uma prancha, vai se divertindo com manobras aquáticas. Quando foi a minha vez, o cano de plástico para segurar estoura. Tive vários ferimentos na mão direita. Foram alguns dias até cicatrizar e eu poder usar minha mão novamente.

Além desse abalo psicológico, assim que subimos o Riozinho novamente, acontece mais uma comigo. Domingo, dia seguinte do acidente com o pranchão. Estamos todos no barco e de repente aparecem dois meninos em suas canoas, brincando de pescaria de arco e flecha. Nestas comunidades, boa parte das pessoas pesca com esses instrumentos. Vou pegar a câmera. Tiro uma foto. Quando vou me ajeitar para uma posição melhor, minha mão direita machucada não segurou a câmera. Ela quica no chão e cai nas águas pretas do segundo andar do barco. No mesmo instante em que vi ela caindo na água, fui tomado por um impulso primitivo de resgatar o objeto. Há alguns dias atrás eu tive medo de saltar na água daquela altura. Demorei para pular. Naquele momento, assim que vi a câmera afundando, saltei de ponta em menos de 1 segundo. Mergulhei fundo, mas as águas escuras não permitiam visão nenhuma. Assim que emergi novamente, o pessoal estava olhando se eu havia logrado resgatar o aparelho eletrônico. Em vão. O pior que não era a minha câmera. Era a da minha colega. Isso que me deixou mais triste. Assim que eu subi no barco, o pessoal já me deu a ideia. Falar pra dona: "você que a notícia boa ou ruim primeiro?". A notícia boa foi que ela ganhou uma câmera novinha. A ruim foi que ela havia ficado sem câmera. Eu deixei a minha emprestado com ela o resto da expedição. E na volta combinei de ressarci-la devidamente. Que azar! Na hora nem pensei nos perigos de saltar no rio. Eu sabia que em rio de água preta não há troncos na água e há poucos peixes. Jacaré só aparece de noite. Como todos brincaram depois, a Iara vai tirar umas fotos nos próximos dias.

Explicando. A Iara é o ser encantado das águas, segundo o povo daqui. É a guardiã das águas. Em algumas comunidades ouvi relatos de gente que já teve o merecimento de vê-la. Alguns contam apenas que ela protege algumas roças. Outros que ela protege as águas dos rios. Outros já falam de visões que tiveram. E assim o universo amazônico vai mostrando seus encantos.

Subimos o Riozinho até a derradeira comunidade. Na ordem da subida, ficou assim:
Monte Tabor
Cristo Defensor
Nova Esperança
São Bento
Bacabal
Novo Cruzeiro
Vila Efraim
Bate Bico
Vila Cristina
Porto Belo
Boa Vista

As águas do Riozinho são negras. À medida que vamos subindo o rio, parece que elas vão ficando mais escuras. As paisagens lá são muito lindas. Uma coisa impressionante. Depois deu ter adquirido uma dívida moral com minha colega, tomei mais cuidado em tirar fotos.

Por fim, foram dias agradáveis esses que passamos no Riozinho. Fizemos amizade com os comunitários e comemos frutas amazônicas, peixe, farinha e açai. Concluída essa etapa, o barco partiu rumo ao rio Jutai, onde haveriam mais várias comunidades rurais a serem visitadas.

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