quinta-feira, 28 de abril de 2011

Benjamin Constant

Chegamos em Benjamin Constant dia 27 de Abril. Após 8 dias navegando pelo rio Solimões. A viagem foi tranquila. Assim que paramos, fomos até a prefeitura nos apresentar. Os 2 líderes da expedição e eu, o líder da equipe socioambiental. De lá vi que teríamos muito trabalho. E hoje e os próximos dias são de trabalho intenso.

O objetivo da expedição é fazer um levantamento: socioambiental e inventário florestal. A minha parte trata de ter um diagnóstico do município. As outras 6 equipes trarão infomações sobre botânica, georreferenciamento, madeira caída, estoques de carbono. Um trabalho pioneiro.

Minha equipe não possui pessoas com formação em área humanas e sociais. Sinto um pouco de dificuldade de ter que explicar em 5 minutos coisas que temos um semestre inteiro, numa disciplina, para compreender. Aos poucos as duas moças estão apreendendo e isso me deixa satisfeito. Tenho uma responsabilidade em minhas costas que não é fácil. Nessas horas sinto saudade de minhas grandes amigas pesquisadores, com quem trabalhei no doutorado. Altos papos a respeito da vida aqui no interior da Amazônia.

E se Deus quiser, um desses dias irei visitar novamente a comunidade de meu doutorado, que é aqui perto. Já vi que está completamente alagada. Sofrimento do povo ribeirinho. Sinto saudade deles.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Amaturá

Mais uma parada do barco que segue até Benjamin Constant. Saímos de Manaus na Quarta-feira dia 20 de Abril de 2011. E já estamos no 6º dia de viagem. E parece que faltam mais 2 ainda. A viagem é longa mesmo. O rio Solimões está cheio. A navegação é lenta. Pelo GPS, pude calcular que a velocidade média é de 11km/h. As vezes um pouco mais rápido: 13km/h.

E assim vamos navegando. Domingo de páscoa passamos navegando. Dia de chuva. Na Amazônia é sinal de introspecção.

A comida continua igual. A variação é um açai comprado em Codajás, a terra do açai. E que acabou hoje. Quando chegarmos em Benjamin terei acesso a algumas frutas. Abastecerme para quando formos à Resex do rio Jutai, momento em que teremos uma alimentação super restrita.

Por enquanto tudo corre bem. Eu na minha rotininha: de manhã e tarde estudo. Fim do dia, os exercício da longevidade tibetanos. De noite, leio. Estou finalmente lendo os livros do espiritismo kardecista. Interessantes. Incrível como cada religião consegue captar o interesse mais variado dos seres humanos. E não estou podendo praticar o kriya yoga. Infelizmente.

sábado, 23 de abril de 2011

Fonte boa

Após 4 dias de viagem, estamos em Fonte boa, cidade que já caracteriza a parte alta do rio solimões. Saímos de Manaus dia 20 de abril, às 13h. no primeiro dia, tudo tranquilo. no segundo dia, idem. paramos à noite em Coari para dormir. a navegação pelo rio solimões é perigosa, pois há muitos troncos, galhos, arbustos que podem danificar o barco. no terceiro dia, seguimos adiante. e finalmente mais este dia. Paramos aqui em Fonte boa. dormiremos por aqui. Claro, no barco. Vim para esta lan-house, com sua internet mais do que precária.

Comida de barco é aquelas coisas. Todo dia igual. Eu levei meu café da manhã, que consiste em sucrilhos ou tapioca e um suco concentrado que misturo com água. Almoço é a saladinha sempre igual, tomate, pepino, cebola, pimentão verde e repolho, tudo picadinho. Arroz e feijão. Carne de frango, gado ou de peixe. A janta é uma variação do almoço. Estou levando umas poucas frutas e mais uma guloseimas, como barrinhas de cereais e essas coisinhas.

Tenho estudado bastante de dia, com meu computador. E, mais à noite, dedicação à leitura. Estou com 3 livros e acho que consigo ler pelo menos 2. Dormir, comer, contemplar a paisagem. Reuniões com as equipes. Por enquanto, tudo tranquilo. Mais alguns dias de viagem até chegar em benjamin constant e começar o trabalho todo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Expedição Alto Solimões/2011

Minha primeira tarefa profissional aqui no Amazonas é a Expedição ao Alto Solimões. Os rios aqui na Amazônia são tão compridos que se divide em partes: a parte baixa (onde está a foz ou onde ele desemboca), a parte média e a parte alta (onde ele inicial). Então, estou indo à parte alta do rio Solimões, que significa onde ele inicia.

Ele inicia na divisa trípice Brasil-Peru-Colômbia. Esse rio nasce nos Andes, lá no Peru, na região perto de Machu Picchu. Vem descendo pelo altiplano, passa pela Amazônia peruada e vem descendo pelo nome de "río Amazonas". Quando entra no Brasil, ele é renomeado de rio Solimões. Dizem que tem esse nome pela viagens do rei Salmão, rei de eterna Sabedoria, à Amazônia. O rio vem descendo até desembocar no rio Negro, nas proximidades de Manaus. A junção desses dois rio é no Brasil o rio Amazonas, que desemboca no oceano Atlântico na região de Macapá.

Desta vez vou para uma expedição científica. Uma equipe de inventário florestal, de botânica e outra socioambiental. Estou nesta última, coordenando as atividades de levantamento das condições de vida das pessoas dos municípios de Atalaia do Norte, Benjamin Constant e das comunidades ribeirinhas da Resex do Rio Jutai.

A saída está programada para esta Terça-feira, dia 19 de Abril de 2011. Sairemos num barco alugado para os pesquisadores do INPA. Serão 7 dias até chegar em Benjamin Constant. São aproximadamente 1600km em linha fluial até lá. Demora tudo isso por navegarmos contra a corrente, subindo o rio. De Benjamin, seria mais 1 dias de barco até Atalaia do Norte pelos apenas 32km de rio. Mas construíram uma estrada e o percurso pode ser feito em menos de 30 minutos. Após o levantamento nesses 2 municípios, vamos à Reserva Extrativista (Resex) do Rio Jutai, onde pretendemos visitar todas as 25 comunidades ribeirinhas. Para voltar, serão apenas 3 dias de barco.

Irei postando a experiência da viagem por aqui.



Visualizar Expedição Alto Solimões/2011 em um mapa maior



sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mochilão Sulamérica 2006-2007: Peru

Ainda em Copacabana, no lado boliviano do lago Titicaca, tínhamos 2 opções para escolher. A primeira era pagar um passeio que sair de Copacabana, passar pelas ilhas flutuantes de Puno. A segunda, que foi a que fiz: peguei um ônibus até a fronteira com o Peru, atravessei, peguei outro ônibus até Puno e de lá ficamos esperando até a hora de sair o ônibus para Cusco.

Eu e os brasileiros (Matheus e Teoff)

No ônibus, encontrei minhas amigas cordobesas. Uma delas eu tinha tomado um fora na noite da ilha do sol. Mas a amizade já estava firmada. E foi legal conversar com elas no ônibus. Chegando em Cusco, eu e os brasileiros fomos procurar um hostel. Achamos um perto da "plaza de armas". De noite, descobrimos que Cusco é uma cidade com muita festa. Todos os dias há festas. De segunda-feira a segunda-feira. Muitas de graças e ainda se ganha um drinque. E eu, como meu chapéu, fui para a balada e encontrei minhas amigas. E, finalmente, iniciei meu "amor de viagem" com uma das cordobesas. Eu as vi em Humauaca. Falei com elas em Iruya. E depois fui encontrando ao longo dos passeios na Bolívia. As festas de Cusco estavam sempre cheias de estrangeiros. Muita bebida, drogas e rock'n'roll. No dia seguinte, tratei de fechar o pacote para o Caminho Inca (Inca's trail). Quase consegui para 7 dias depois, mas por enrolar, consegui para 8 dias depois. Paguei U$ 140,00, com direito aos 4 dias de trilha, 3 refeições e lanchinhos, entrada para Machu Picchu e retorno para Cusco de trem. Em Cusco todos os dias eu visitei alguma ruína ou museu. Às tardes, me sentava na praça e encontrava todos os mochileiros. Horas de conversa, mate, risadas. Foram dias muito agradáveis. E de noite, claro, festa!

Tardes na praça de Cusco

Em um dos dias, visitei Sacsayhuaman e as ruínas ao redor de Cusco. Em outro, tomei São Pedro comprado no mercado de Cusco. Foi horrível para o estômago.

Centro de Cusco

Eu e as argentinas

Ruínas perto de Cusco

Sacsayhuaman

Ao centro, as pedras dos Incas. As pedras desordenadas, dos espanhóis.

 
No centro de Cusco



Em outro dia, visitei o vale sagrado com as cidades de Pisac, Ollantaytambo, Urubamba. Em outro, visitei museus, bairros mais afastados. E assim se passaram os facilmente os 8 dias em Cusco. Uma cidade muito agradável e cosmopolita. A cada dia fui descobrindo novos lugares para comprar coisas, comer super barato, cantinhos da cidade. Bem legal conhecer estrangeiros e peruanos. E estar na companhia dos amigos mochileiros.

Comendo no mercado central por 2 soles



Eu os amigos argentinos (Tiago do meu lado esquerdo)

Valle Sagrado

Valle Sagrado

Valle Sagrado

Chicos de las montañas

Almoço argentino

Ollantaytambo

Templo das águas em Ollantaytambo

Pisac

























Até que chegou o grande dia de fazer o caminho inca. Na noite do dia 20 de Janeiro, me despedi da maioria dos amigos mochileiros. Boa parte deles faria o caminho inca após 7 dias de terem chegado em Cusco. Eu e os 2 brasileiros fomos os que demoramos em escolher a agência e fizemos 8 dias depois. Na despedida, fiquei emocionado e até chorei ao dizer tchau pra minhas amigas e amigos. Meu amor de viagem terminava ali também. Não combinamos nada. Apenas nos falar. Adianto que depois da viagem nos falamos e ela quis que eu fosse pra Argentina. Só pude ir em Agosto, mas ai a vida mudou e nem nos encontramos. Amor de viagem mesmo. Foi lindo enquanto durou. Na véspera do meu caminho inca, dia 21, foi um dia estranho. Sem a maioria dos amigos mochileiros. A viagem já ia caminhando para o fim. Eu paguei o passeio por uma agência diferente dos outros 2 brasileiros. Na manhã do dia 22 de Janeiro, fui ao ponto de encontro e uma van levou meu grupo para Ollantaytambo, de onde começa a trilha. Eu, 1 casal de brasileiros, 1 grupo de argentinas de Mendoza, 1 grupo de argentinas de Buenos Aires, 1 grupo de argentinas de Cordoba, 2 irmãos argentinos. Paguei menos que os meus amigos, com belas companhia e lanches toda hora! No primeiro dia de trilha, uma caminhada moderada pelas montanhas. No segundo dia, uma subida interminável. Foram muitos metros de subida. Super cansativo. Por degraus e mais degraus até chegar nos 4200m de altitude. No terceiro dia, a descida de mais de 16km. Parece mais fácil descer, mas não é verdade. É pior. Uma dor forte nos joelhos. No final do dia, eu comecei a sentir fortes dores no joelho. Paramos num alojamento onde haveria uma super janta comemorativa.



Começo da trilha

Percurso

1º dia - casal brasileiro (acima) eu e argentinas

Acampamento

Altitudes da trilha

2º dia - No pico da montanha, exausto

Confraternização no acampamento

3º dia - Muita chuva e descida

Dia de chuva

Paisagens

Os carregadores

Janta

Carregadores e mochileiros





















































O legal do caminho inca é passar pelas montanhas. O guia nos deixa bastante à vontade. Marcamos pontos de encontro e cada um segue seu ritmo. No começo, levei vários litros de água e comida. Andava com a mochilinha pesada. Sempre andando no meu passo: velocidade média ou lenta, mas sempre em frente. Sempre prestando atenção na natureza. Aos poucos, caminhar nos faz entrar em introspecção. Somos nós com nós mesmos. No terceiro dia, já com o físico cansado, não há como não refletir sobre a vida. Em muitos momentos eu estava completamente sozinho no meio daquelas montanhas mágicas. Dei-me conta que eu tinha uma família e amigos, que deveria cultivar as relações saudáveis. No fim do terceiro dia, na confraternização, um clima com as argentinas acontecendo. É incrível como essa trilha mexe com nossas emoções. E, finalmente, o 4º dia. O grande dia: Machu Picchu!


25 de Janeiro de 2007. Cheguei em Machu Picchu!

Machu Picchu

Mochileiros em Machu Picchu

Ruínas de Machu Picchu

Ruínas de Machu Picchu

Pedra energética

Do Wayna Picchu

Argentinas

os estudantes de psicologia chilenos!

Machu Picchu

Sobrevivi

Para o grande dia, reservei minha camisa andina amarela, em homenagem ao Sol. Acordamos super cedo. Mais 2 horas de caminhada ainda de noite, até chegar ao portal do Sol. É a derradeira super escalada. Eu, já com o corpo cansado, exausto e com o joelho doendo. Chega na escadaria final. Degraus muito íngremes. Fui subindo na dificuldades, sabendo que ali em cima eu veria Machu Picchu. As forças parecem brotar das profundezas do espírito. E, ali em cima, a visão da cidade sagrada! Todo o esforço valeu a pena. Uma intensa alegria invade o coração. E de repente os primeiros raios da manhã iluminam a ruína.  Caminhamos até lá, tiramos fotos. Passamos o dia todo explorando cada canto de Machu Picchu. Eu e mais algumas argentinas do meu grupo decidimos subir o Wayna Picchu. Lá, reencontrei o casal de estudantes de psicologia chilenos, que cruzei na fronteira Chile - Bolívia. Na descida de Machu Picchu para Águas Calientes, mais dor no joelho esquerdo. Já insuportável. Mas consegui. Almoçamos e pegamos o trem para Ollantaytambo. De lá, van para Cusco. No caminho, uma das moças passa mal. Cheguei em Cusco e meus amigos brasileiros ainda se animam a ir pra festa. Eu, quebrado, desisti. Dia seguinte, super cedo, eu pegaria o voo para Lima-Iquitos. Paguei U$99,00 pelo trecho todo. Uma pechincha. Foi uma belíssima despedida do mundo andino. Gostei bastante do Caminho Inca, Machu Picchu, dos companheiros e companheiras mochileiros e do mundo andino. Até a próxima! Fica a magia gravada na memória.

Chego então em Lima durante o dia dou umas voltas pela cidade. Fui ver o Pacífico, até então desconhecido para mim. Na praia encontro estrangeiros e um grupo de pessoas zen.

Lima
No mesmo dia embarquei para Iquitos, na Amazônia Peruana. Quando chego, vejo um mochileiro e logo dividimos o moto-taxi e o hostel. Na primeira noite ficamos em um hostel até carinho. Em seguida, procurei um muquifo baratinho. Eu ficaria apenas 1 dia. No dia seguinte sairia o barco que leva 4 dias para chegar até a fronteira com o Brasil. Mas, 3 dias depois, sairia a lancha rápida que faz o mesmo percurso em 1 dia, mas custa mais que o dobro. Andando por Iquitos, naquele calor forte, acabei decidindo ficar pelos 3 dias. O mochileiro era Craig, um novo zelandês que tirou 1000 dias de férias. Estava no dia 400, aproximadamente. Perguntei muitas coisas para ele de como é rodar o mundo por tanto tempo assim. Ele já havia visitado vários países. Em Iquitos, visitamos as casa flutuantes, um parque aquático, 2 tribos indígenas. E todas as noites comíamos o frango com batata fritas.

Ruas de Iquitos

Casas Flutuantes

Beira rio de Iquitos

Balneário

Eu e Craig

Tribo de Iquitos

Lancha rápida para a fronteira com o Brasil
Com o Craig aprendi a importância de se carregar menos coisas na mochila, ter um guia de viagens e porque devemos viajar. Apesar dele viajar perambulando, sem contar muito a respeito das suas viagens, senti que seria uma grande aventura percorrer o mundo com a mochila. Foi ai que começou meu sonho de percorrer o mundo com minha mochila. Iquitos fazia muito calor. Muito mesmo. Amazônia. Foi legal ver as diferentes culturas peruanas: andina, da capital e agora amazônica. O Peru é um país super interessante. Valeu muito a pena. A lancha rápida saiu cedinho e chegamos no fim da tarde em Santa Rosa, divisa com Brail e Colômbia. Atravessa-se o rio e se está no Brasil. De lá, ainda fiquei 1 noite num hotelzinho com o Craig. Encontrei com minhas amigas pesquisadoras à noite. Manhã seguinte já comecei meus trabalhos de doutorado. De tarde preparamos todas as coisas para ir à comunidade ribeirinha. Ficamos lá mais de 1 semana. Voltamos a Manaus de barco, nos 3 dias e meio de viagem. Mais alguns dias em Manuas e finalmente volto a São Paulo, num voo de R$ 215,00. Dia 13 de Fevereiro de 2007. Uma belíssima viagem. Inesquecível. No início de Março, o Craig veio por São Paulo e ficou o final de semana em casa. Levei ele numa festa universitária. E um outro pessoal levou ele para as festas eletrônicas. Ele foi embora do Brasil achando o que muita gente pensa daqui: um lugar de muita festa! E viva o Brasil!